Da igualdade. E do que é sexy

OPINIÃO04.04.201901:29

O Benfica-Sporting no Restelo foi para apoiar uma causa mas também porque Portugal está a acordar para o fenómeno do futebol feminino como evento de massas. Vejamos o caso aqui ao lado, em Espanha: aproveitando os boom dos bons resultados das seleções jovens, a Liga avançou, em 2016, com €2 milhões, convenceu uma grande empresa espanhola (Iberdrola) a avançar com outro tanto e redefiniram um campeonato que está a atrair cada vez mais gente aos estádios (o Atl. Madrid-Barcelona bateu o recorde do mundo de assistências entre clubes, com 60.739 pessoas no Wanda Metropolitano), tem audiências superiores a 100 mil pessoas por jogo e capta cada vez mais patrocinadores.


Recentemente a seleção feminina dos Estados Unidos da América processou a respetiva federação por discriminação salarial. As jogadoras chegam a receber 10 vezes menos que os jogadores e têm piores condições de trabalho que os homens (queixam-se, por exemplo, de serem obrigadas a treinar-se em relvados sintéticos ao contrário dos homens, que só se treinam em relva natural). Pormenor: elas já foram três vezes campeãs do mundo, ocupam o primeiro lugar do ranking FIFA e geram maiores audiências televisivas; o melhor que eles conseguiram foi umas meias-finais em 1930 e são 25.º no ranking.


Não sendo o maior fã do futebol feminino, não tenho dúvidas: prefiro ver um jogo delas num Campeonato do Mundo do que um jogo deles na Gold Cup. Porque com o tempo tenho vindo a deixar cair preconceitos e as comparações (que não fazem sentido) com os masculinos. E, já agora, porque também é mais sexy.


Curioso: 13 das melhores seleções femininas estão no top-20 de países com melhores índices de desenvolvimento humano; no masculino, a relação é de 7 em 20. Mais do que desporto, o futebol feminino diz-nos muito sobre modelos de sociedade.