Chegar primeiro ao futuro

OPINIÃO03.01.202003:00

Domingos Soares de Oliveira

Há muitas maneiras de um clube andar à frente dos seus concorrentes. Uma delas é chegar primeiro ao futuro. O que não é uma garantia de ser o primeiro no presente. Mas depois percebe-se que, em condições normais de pressão e temperatura, não é o acaso da coincidência , nem a aleatoriedade da fortuna ou do azar, quem determina o curso do sucesso. É tempo de reconhecer, por conseguinte, que há mesmo um nexo de causalidade entre competência e eficiência. Um exemplo categórico é o trabalho que tem vindo a ser empreendido pelo CEO das águias, Domingos  Soares de Oliveira, o qual diz que «há uma mudança de mentalidade no Benfica». Isto a propósito da muito recente apresentação de mais uma iniciativa inovadora do clube encarnado, designada Benfica Play. E tem de se concordar que é mesmo assim.

José Mourinho

Há coisas que são evidentes. Há outras que custam muito a perceber. E infelizmente há ainda e também uma terceira categoria: aquela que compreende as que não se entendem de maneira alguma. Foi o que me sucedeu quando li no site deste jornal, privado que estou do acesso à edição de papel por estar noutro canto do mundo, ipsis verbis, o seguinte: « na derrota do Tottenham frente ao Southampton (0-1), José Mourinho viu cartão amarelo depois de... ter abandonado a área técnica para espiar as anotações do banco dos saints.» Mas que raio lhe terá  passado pela cabeça?

Red Bull

Há um novo fenómeno emergente no desporto mundial: o papel assumido por algumas grandes empresas globais. Ao princípio eram os principais clubes, em especial os do velho continente, e aqui quero mesmo excluir os ingleses, que se obstinavam orgulhosamente em aceitar que as suas gloriosas camisolas pudessem ostentar uma qualquer marca comercial, por maiores que pudessem ser as respectivas contrapartidas oferecidas, a título de patrocínio. Desde então e até ao presente muito mudou.

Não curando já de examinar o  caso particular do ciclismo, onde todas as equipas são designadas única e exclusivamente pelas marcas das companhias que as suportam. Mas o que presentemente está a ocorrer com a Red Bull não deveria ser ignorado. Pelo contrário, requer uma análise profunda, inerente à sua verdadeira natureza de genuíno case study.  O destaque principiou na Fórmula 1, onde compete, já desde há alguns anos, com duas equipas: uma principal, em nome próprio, e outra sob marca secundária (Toro Rosso), com função e vocação de antecâmara da primeira. Neste momento só a Mercedes e a mítica Ferrari estarão à sua frente. Mas agora também a sua investida no futebol deverá estar cada vez mais perto do topo. Estranho, por isso, que ninguém se tenha ainda dado conta, pelo menos aparentemente, do que está neste preciso momento a  suceder: não uma, mas duas equipas  da Red Bull, uma sediada na Alemanha e outra na Áustria, mais propriamente em Leipzig e em Salzburgo, foram apuradas para a Champions League, sendo que o emblema austríaco ficou em terceiro no seu grupo, ao passo que os teutónicos se apuraram para os oitavos de final!

Entrevista imaginária

- Então o negócio está ou não fechado?
- Dou-lhe a minha palavra de honra...
- Desculpe interrompê-lo, mas quantas tem além dessa?