Campanha anti-Benfica em segunda época

OPINIÃO25.12.201812:42

O alvo a eliminar era o próprio Luís Filipe Vieira, a trave mestra da solidez do Benfica: um líder que já era forte pelo trabalho, mas  mais forte ficou pela razão. 

Ninguém acreditava que a equipa do  Benfica pudesse reagir de forma tão  inequívoca. Que fosse capaz  de revoltar-se contra a desconsideração  com que tem sido tratada, de libertar-se do cerco  de insinuações pouco claras e de notícias de duvidosa proveniência  que, no essencial, espalharam a discórdia, prenunciaram  desgraças e anunciaram o caos ao primeiro virar de esquina.   

Abel Ferreira, pelo menos, treinador avisado e  inteligente, duvidou de tal cenário catastrófico e na projecção do jogo, referindo-se ao Benfica, disse que « falam, falam, mas leva seis jogos a ganhar e sem sofrer golos».

Que a equipa da águia jogava mal e sem confiança desde há algum que tempo que se verificara ser uma realidade, sem necessidade de  nenhum curso intensivo com direito a diploma de sábio de futebol, sendo certo, porém, que, no início da época, a entrada na fase de grupo da Liga dos Campeões foi alcançada com desempenhos bem mais interessantes e por estes mesmos praticantes que, de repente, deram a ideia de terem perdido a qualidade que se lhes reconhece.

A verdade é que por motivos que entendo e outros que francamente não enxergo, num processo em que a começar pelo presidente ninguém fica isento de culpas,   houve a pressa de transformar uma situação de normalidade em quadro medonho, colocando-se tudo em causa.  

O entusiasmado esquema  veio  do exterior,  mas teve pontos de contacto no interior e a  dita estrutura que Vieira tanto defende não só não conseguiu responder com a autoridade que se impunha como continuou a denotar  uma sonolência que diverte alguns centros influentes nos circuitos de comunicação, que não valem grande coisa,   embora se tornem incomodativos pelo despudor com que se insinuam.

Desgastam, de aí  promoção dessa crise imaginária na sequência de dois  resultados pecadores (Belenenses e  Moreirense) e meia dúzia de exibições abaixo  do razoável, de que se pode destacar, por ter sido o mais recente caso, o jogo de Montalegre --  um aplauso para a atitude da formação barrosã --, em que, em vez de um colectivo profissional e corajoso,   Rui Vitória, tendo tropeçado mais uma vez nos seus repetidos  equívocos, resolveu dar tempo a  gente  friorenta e  medrosa.

A crise foi uma invenção  porque, recordo, em 2016, ano do primeiro título de Rui Vitória, à 14ª jornada o Benfica era terceiro, tinha menos cinco pontos que o Sporting e menos quatro que o FC Porto. No final, foi campeão com mais dois do Sporting e mais 15 do FC Porto.

Agora, à mesma jornada, o Benfica é segundo, apresentando a equipa mais goleadora, com menos quatro pontos do FC Porto, mais um que o Sporting e mais dois que o Braga. No final se verá…

Quanto a mim não existe nem existiu crise alguma. O que tem havido é uma sistemática e perversa campanha anti-Benfica,  em segunda época de actividade e alimentada por uma parceria envergonhada, que este ano  até contou com  um aliado de ocasião para apequenar o treinador Rui Vitória, por ser mais fácil de desgastar,  e massacrar a organização  do futebol encarnado.

Uma estratégia  que se julgou eficaz para chegar ao objectivo pretendido,  como os mais recentes desenvolvimentos mostraram, através dos novos ‘polícias de costumes’  que encarnam um novo estilo de jornalismo  em que se repete a mesma pergunta  tantas vezes até alguém dar a resposta que o inquiridor quer ouvir e com ela suscitar na opinião pública as tais percepções  que interessa que tenha.

 O alvo a eliminar era o próprio Luís Filipe Vieira, a trave mestra da solidez do Benfica: um líder que já era forte pelo trabalho, mas  mais forte ficou pela razão.