Benfica voa ou Toumba
OBenfica fiou-se em demasia no defeso passado. Não se reforçou para compensar a sangria sofrida (Ederson, Lindelof, Nélson Semedo, Mitroglou) e pagou caro o preço dessa displicência: falhou o encontro com a história e perdeu um penta que estava claramente ao seu alcance - mesmo sem se reforçar, a verdade é que no mediano campeonato doméstico lutou com o FC Porto até ao fim; já na Champions, um patamar muitíssimo mais exigente, não deu para disfarçar e foi o que se viu. Um ano depois, o cenário é substancialmente diferente: o Benfica reforçou-se a sério embora com uma incompreensível demora no caso destes últimos alvos - Gabriel e vamos ver se Ramires - que deviam, como é óbvio!, ter ajudado o Benfica na qualificação para a Champions. O jogo de hoje em Salónica, no estádio Toumba (que raio de nome… longe vá o agoiro), é muito importante. Em jogo estão, no mínimo, 50 milhões de euros+exposição mínima de seis jogos na montra futebolística mais importante do Mundo. Trata-se de uma verba que pode condicionar fortemente o futuro próximo (desportivo e financeiro) das águias. Nem é preciso explicar porquê. Pelo que se viu há uma semana na Luz o Benfica tem futebol mais que suficiente para eliminar o PAOK. A equipa grega foi massacrada até ao intervalo e podia ter recolhido ao balneário em estado cadáver, a perder por quatro ou cinco. O cenário complicou-se muito com o golo do don Juan egípcio Warda mas, no essencial, julgo que o Benfica continua a ser superior e sobretudo, a ter mais experiência, mais calo, mais discernimento; que lhe poderão ser muito úteis numa noite em que o PAOK, à beira do milagre, quase de certeza vai sentir o peso do momento e, muito provavelmente, acusar ansiedade e nervosismo - como é natural num clube que nunca participou na Champions. Jogando também com isso, o Benfica precisa sobretudo de ser mais eficaz na concretização, como sublinhou diversas vezes Rui Vitória.
E esse é um problema muito sério, se pensarmos que, por esse mesmo motivo, o SLB também não conseguiu vergar no sábado o Sporting mais limitado destes últimos tempos. Vamos partir do principio que o Benfica vai cumprir a sua obrigação de eliminar o PAOK que, por Zeus!, nunca ouviu o hino da Champions sem ser na televisão. Mas é verdade que Luís Filipe Vieira corre o risco de ter reforçado fortemente a equipa (e carregado na mesma medida a folha salarial, diga-se…) para jogar na Liga Europa e nas competições domésticas, um contrassenso que implicará reajustes a curto prazo (janeiro).
Para o Benfica falhar a décima presença consecutiva na fase de grupo da Champions basta que o PAOK, que mostrou uma cara mais inquietante na segunda parte do jogo do Estádio da Luz (boa organização e forte espírito de corpo), consiga preservar o 0-0 inicial. É isso que o Benfica tem de impedir. Há que marcar… e voar.