Benfica ‘virou’ barril de pólvora

OPINIÃO14.06.202107:00

Rui Pereira bateu com a porta da MAG. Antes, Luís Nazaré tinha feito o mesmo. Adivinha-se um verão escaldante para os lados da Luz…

Ademissão de Rui Pereira da presidência da Mesa da AG do Benfica, tendo em conta os argumentos invocados, representa um rude golpe na gestão de Luís Filipe Vieira, acossada de vários quadrantes e, pela primeira vez em 18 anos, numa posição manifestamente defensiva e reativa.
Mas, se adicionarmos ao bater com a porta de Rui Pereira idêntica atitude tomada por Luís Nazaré, que exercia funções similares, antes do fim do último mandato, percebemos que algo, em termos de democracia, está a falhar no Benfica, clube que sempre, até agora, fez do poder dos sócios a arma principal e que, mesmo na vigência do Estado Novo, soube manter-se fiel aos princípios fundadores.  
Rui Pereira, como Luís Nazaré, são pessoas com percurso pessoal, profissional e académico absolutamente blindado, e de benfiquismo inatacável. Se, um após o outro, decidem não ter condições para continuar à frente do órgão que representa os sócios do Benfica, então o problema não estará nem num, nem no outro...
Detalhemos, então, os pressupostos da demissão de Rui Pereira, antigo ministro, Professor de Direito e figura respeitada na sociedade portuguesa: «… Venho apresentar a renúncia ao cargo de Presidente da Mesa da AG do Benfica (…). Faço-o por entender que o artigo 55º, números 3 e 4, me impõe o dever de convocar a reunião extraordinária da A G requerida por um conjunto de 334 sócios, que cumprem as disposições previstas e representam 11.060 votos. No exercício do honroso cargo que ocupei desde o dia 29 de outubro de 2020, sempre assumi ser meu dever defender o superior interesse do Benfica e os direitos dos associados, cumprir os estatutos, garantir a solidariedade dos corpos sociais e respeitar a palavra dada. Por verificar que não conto com o necessário apoio dos corpos sociais, e em particular do Presidente e da Direção, para a convocação da reunião extraordinária da AG, concluo que deixei de reunir essas condições, que considero cumulativas e imprescindíveis.»
Perante os dados colocados sobre a mesa, e não obstante a Direção garantir o cumprimento dos estatutos, não é difícil antecipar um verão escaldante na Luz, onde se cruzarão argumentos de natureza formal, legal, social, económica e, last but not least, desportiva, num contexto de regresso de público aos estádios.
 

JORGE FONSECA

O judoca do Sporting foi de ippon em ippon até à vitória final, sagrando-se bicampeão mundial de judo, modalidade em que se iniciou na escola na Damaia. O que dá que pensar. Se o desporto escolar fosse regra e não exceção, se calhar até podíamos ser a potência desportiva que não somos…
 

RUI PEREIRA

O Professor de Direito que se demitiu da presidência da Mesa da Assembleia Geral do Benfica não se escondeu atrás de argumentos vagos e explicou pormenorizadamente as razões que o levaram a bater com a porta. Figura prestigiada na sociedade portuguesa, saiu como entrou, de espinha direita.
 

J-J AMSELLEM

O realizador do Dinamarca-Finlândia, por mais que garanta que não houve voyeurismo e que seguiu as diretrizes da UEFA, que não queria planos fechados de Christian Eriksen a receber assistência, deixou que entrassem em nossas casas momentos absolutamente desnecessários.