Benfica: refletir…
DIRETO ao assunto (sobre o qual, creio, o Benfica deveria meditar e extrair conclusões): 2 confrontos mais a doer, daqueles em que, de facto, se avalia quem é quem, 2 derrotas - e ambas na Luz… Sem espinhas: FC Porto foi massacrante, RB Leipzig foi claramente superior.
Não me passa pela cabeça que Bruno Lage, à entrada na Champions, tenha poupado jogadores a pensar na visita ao Moreirense. Impensável! Fez poupanças destas na Liga Europa, mas, então, o renhido sprint pelo título nacional estava em fase decisiva. Agora, importância mor, apetece dizer que crucial (prestígio, dinheiro, limpeza de fraquíssimos resultados europeus nos últimos anos, contrapondo afirmação de forte capacidade), deveria centrar-se no regresso à Champions.
Portanto, zero de dúvida: foram problemas físicos - soma e segue aos de Florentino, Gabriel, Gedson, Chiquinho, Vinícius! - que afastaram André Almeida e Samaris (ambos nem no banco) e atiraram Rafa para suplente… (logo que entrou, houve, enfim, velocidade… acutilante). Questão bem diferente: eram o dia e o adversário certos para trocar titularidade de Seferovic pela do miúdo Jota, dando a Tomas hipótese de jogar na sua dita posição ideal (ponta de lança mais presente na grande área)? Neste caso, quanto a mim, o desfecho foi… dois falhanços. Estrondoso, o de Jota (anunciado grande talento, continuo a nele ver egocêntrico - arrogante? - individualismo, com muito escassa noção de que a base de bom futebol tem de ser coletiva). E, quanto a Raul de Tomas, não melhorou o rendimento que vinha mostrando - ainda nem peixe, nem carne; saltar de secundárias equipas espanholas (consecutivos empréstimos do Real Madrid, tendo este preferido pagar €60 milhões por Jovic…) para a responsabilidade de ser titular no campeão português… tem muito que se lhe diga.
TOMÁS TAVARES. Única consolação benfiquista em entrada na Champions feita com o pé esquerdo (não o de Grimaldo, pois esse é muito bom): a personalidade, com consistência competitiva, do miúdo Tomás Tavares, estreando-se, e a este nível!, aos 18 aninhos. Dele eu retivera muito boa ideia nos jogos da seleção sub-19, mesmo adaptado a defesa-esquerdo. Agora, no outro flanco, sua posição ideal, plena confirmação de que não dá para enganar… Claro que, lançado frente ao líder do campeonato alemão, retraiu a característica atacante, nele bem vincada; tirando isso, nenhuma inibição: segurança defensiva, com sabedoria tática a fechar por dentro, firmeza no corpo a corpo, estampa atlética (1,87 metros; já jogou como central) e, repito, grande afirmação de personalidade numa estreia tão exigente.
VOLTANDO às reflexões que o Benfica deve fazer após, no seu estádio, sucumbir face ao FC Porto e ao RB Leipzig (pelo meio, no 4-0 em Braga, jogou bem, mas recebeu inusitados brindes em série: penálti e 2 autogolos; e não foi propriamente convincente no 2-0 ao Gil Vicente, na Luz). Que reflexões?
- É muito importante apostar forte na formação e ir projetando talentos. Porém, na alta competição, a curto e médio prazos, tem custos… O Benfica, sem Gabriel (verdade que muito bem rendido por Taarabt), está com equipa, e plantel, exageradamente de meninos. Tomás Tavares (18 anos), Rúben Dias (22), Ferro (22) - defesa amiúde acusa falta de firme/experiente líder -, Florentino (20), Jota (20). Mais os muito prometedores Gedson (20), Nuno Tavares (19), David Tavares (20), bem como os guarda-redes suplentes: Zlobin (22), Svilar (20). Acresce: Chiquinho (24), para mim potencialmente a melhor aquisição do Benfica nesta época, só um ano fez na Liga (Moreirense); Tomas (24) com dificuldade vai apalpando terreno; Caio Lucas (25) vem de 3 anos numa equipa árabe; Vinícius (24), alternativa a Tomas/Seferovic, é incógnita. Oxalá esta repetição de fraco estofo europeu, seja rapidamente desmentida.
- Evidente: sem Jonas, Félix e… Salvio, forte quebra nos níveis de maturidade e de afirmada classe.
- Porte atlético: no meio campo e no ataque, o Benfica praticamente não ganha despiques aéreos e no corpo a corpo. Daí resulta, além do mais, bola logo na posse do adversário…
LIGA EUROPA. Mais fácil (para FC Porto), ou mais bicudo (para Sporting, SC Braga e V. Guimarães), a palavra de ordem é… ganhar. Mínimo, nos 3 casos complicados: arranque sem perder. Como dizia o grande Raul Solnado, façam o favor de ser felizes!