As encruzilhadas de águia e dragão
O Benfica tinha mais fichas do que os outros, agora tem bem menos
OBenfica fez all-in e perdeu. Um all-in com uma boa mão, dificilmente a melhor na mesa. Só que os adversários não se resignaram perante o bluff e acabou por perder tudo, hipotecando as poupanças dos últimos anos. Tinha mais fichas do que os outros, agora tem bem menos. Deu força ao rival que já não o era e permitiu que o outro, depois de ter estado contra as cordas, encontrasse argumentos para a reabilitação financeira na fiabilidade desportiva que lhe foi permitida.
Ganhem ou não a Taça, os encarnados chegam ao fim da época com um novo sistema que apenas resolve parte dos problemas, a ter de vender os jogadores com melhor mercado e, provavelmente, sem poder contratar alguns diferenciados, sobretudo a nível da tomada de decisão. Continuará dependente das referências Pizzi, Rafa e Seferovic e tão oscilante quanto estas. Curiosamente, nas notícias não se vê o trabalho do scouting ou uma ideia de reaproveitamento da academia, perante o desequilíbrio do plantel. O all-in vai ser lembrado como nova encruzilhada histórica em que se escolheu o caminho errado e se esperou demasiado tempo para voltar atrás.
O mediatismo que FC Porto reclama quando se compara sobretudo com o Benfica também o protege nos maus momentos. A época dos dragões foi igualmente medíocre, com a atenuante de o investimento ter sido o quinto do dos rivais. Ganhou a Supertaça e eliminou a Juventus na Europa, mas voltou a fraquejar nas Taças e nunca deu sinais de conseguir lutar a sério com o Sporting pelo título. Se o modelo parece ainda assim sólido, as eventuais saídas de Marega e Corona deixam dúvidas sobre o futuro. Há que juntar-lhes o desgaste de (e com) Sérgio Conceição. São alguns os sinais de fim de ciclo. Pinto da Costa pode aceitá-los ou forçar a continuidade.