Afinal, Albert Einstein estava enganado...
O físico alemão Albert Einstein, tido como o mais inteligente de todos os seres humanos, enganou-se. Quando afirmou que não sabia como seria a III guerra mundial, mas tinha a certeza de que a IV seria combatida com paus e pedras, Einstein não previu que um novo conflito mundial viesse a colocar frente a frente as cores unidas do planeta Terra e um vírus capaz de pôr em causa a Humanidade. Hoje, vivemos tempos extraordinários e, cada um e todos nós, somos chamados a combater nesta guerra sem quartel contra o Covid-19, seja para mostrar serviço na linha da frente, como sucede com os prestadores de cuidados de saúde, quer obedecendo aos preceitos da quarentena, por forma a atrasar a progressão do novo coronavírus.
O desafio com que nos deparamos confirma, sem margem de dúvida, como somos, afinal, todos diferentes e todos iguais, perante um inimigo que não faz distinções de raça, convicção religiosa ou situação económica ou social. E perante esta batalha global, nada daqui em diante será como dantes…
NESTA fase em que, citando a ministra da Saúde, assistimos a uma expansão exponencial do número de infetados em Portugal, as dúvidas ganham de goleada às certezas, nomeadamente no que concerne à duração da crise. É certo que já estamos habituados, por tudo e por nada, a que proliferem em Portugal especialistas de aviário, que debitam opiniões apressadas e pouco ou nada fundamentadas, cuja única função parece ser aumentar a confusão. E são essas estrelas mediáticas de ocasião, que traçam cenários que apontam para uma contenção que tanto vai de poucos dias a muitos meses, válidas para previsões quanto a calendários escolares, prazos judiciais, ou, até, competições desportivas. Esta III guerra mundial, durará o que tiver de ser, e todos devemos ter em mente que a vitória final é certa, mas será obtida à custa de sacrifícios e perdas pessoais, profissionais e económicas. Quando despertarmos deste pesadelo, teremos à nossa espera um mundo diferente. Façamos votos de que, depois do Covid-19 nos ter colocado a todos no mesmo barco, mais inclusivo e solidário.
HOJE é dia 16 de março, e fazendo fé nas autoridades dos vários países (não confundir com os especialistas de pacotilha, muito menos por todos os que têm poluído as redes sociais com fake news), torna-se pouco crível que seja possível manter a calendarização dos Jogos Olímpicos, do Euro-2020, do Giro, do Tour, de Wimbledon, da F1, do MotoGP ou do Masters de Augusta. E mesmo os planos de contingência avançados pela UEFA quanto à Champions e à Liga Europa aparentam estar no reino do faz de conta. Para já, as federações de andebol da Suíça e da Dinamarca foram as mais pragmáticas, declarando o fim dos respetivos campeonatos sem atribuição de título. Esta é uma possibilidade forte, que deve constar da agenda de todos os decisores desportivos. Sem drama. Porque a única coisa realmente importante é que o Covid-19 seja derrotado, sem que pelo caminho se coloque em risco a vida de desportistas chamados à competição quando deviam estar resguardados de exposição.
PARA além das federações de andebol acima citadas, várias outras têm elaborado teses sobre a forma de finalizar as competições em curso, mediante o tempo útil que venha a estar eventualmente disponível. Há quem fale em play-off para atribuição de quem é campeão e de quem desce de divisão, ou ainda quem sugira a homologação das classificações, como estão ao dia de hoje, quem prefira o prolongamento da época desportiva (e dos contratos de trabalho), ou ache solução em jogos de dois em dois dias, enfim, numa série de fórmulas que possam mitigar os estragos. Olhando o calendário e vendo o estado do planeta, ainda longe de estar curado, quanto mais convalescente, quiçá que o mais apropriado seja apagar a época desportiva de 2019/2020 do mapa, retomando serviço logo que seja possível, em 2020/2021, com os parâmetros existentes em julho de 2019.
ESTÃO à vista de tudo e de todos os prejuízos catastróficos provocados pela pandemia que enfrentamos. No que respeita ao Desporto, há que estar preparado para que a atividade seja retomada com meios financeiros substancialmente inferiores aos existentes há dois ou três meses. Porque, embora se oiçam já algumas vozes a pedir ajuda para os clubes, não tenho a mais pequena dúvida de que o Estado os colocará no fim da final, priorizando setores sociais e económicos mais vulneráveis e necessários. Seguir-se-á, estou se- guro, uma retoma que devolverá a pujança ao setor do desporto. Mas, pelo caminho, tal como sucede, nestes cataclismos, com as espécies, vão ficar pelo caminho os clubes e empresas mais frágeis, impreparados e vulneráveis. Charles Darwin, aliás, deu um contributo significativo para a compreensão desta realidade…
PORTUGAL é terceiro país mais antigo do mundo, tendo em conta a data da independência, etnia predominante, religião dominante e língua única. E sempre foi um Estado-Nação. Esta é uma razão mais do que suficiente para tornarmos mais importante o que nos une do que aquilo que nos separa. Foi o que se viu, aliás, no último sábado às dez da noite, por todo o País, no agradecimento popular aos profissionais de saúde. Será assim que vamos derrotar o Covid-19.