Adiar as soluções

OPINIÃO01.11.201903:00

Em qualquer campeonato, seja profissional ou amador, a exigência e o rigor devem sempre estar presentes. Não é pela competição ser de formação ou de elite, que esses parâmetros se alteram. Contudo, é necessário não confundir competição com classificação, ou exigência e rigor com prepotência. Infelizmente, é o que acontece em muitas situações.

Começando pelas crianças, torna-se fundamental perceber o que é importante nestes escalões. Com certeza que não é organizar provas formais, ser campeão e erguer a taça que nos deve motivar. Precisamente o contrário, encontros informais, muito jogo e prémios para todos. A especialização chega mais tarde, na adolescência, e posteriormente, como adultos, atinge-se o topo.

Este caminho, com etapas de desenvolvimento claras, permite igualmente que todos os participantes possam viver estas fases, e dessa forma aprender o que realmente é importante no jogo. Um processo educativo. A atitude repressiva, de quem manda mas não comanda, só esconde os problemas. Não os resolve. 

Quando se pune um agente desportivo, seja jogador, treinador, árbitro ou dirigente, com a descida de divisão, isso significa que algo de grave se passou.  Pena mais grave só o afastamento definitivo. Os treinadores são demitidos, em muitos casos, porque se torna mais fácil o seu despedimento do que afastar jogadores ou dirigentes. Os jogadores são punidos com multas e, por vezes, com o afastamento da equipa quando não respeitam as regras. Os árbitros deixam de arbitrar quando os erros são graves. Os dirigentes, que até há bem pouco tempo não tinham despedimentos passaram a viver com essa possibilidade.

Qualquer destas penalizações deixam marcas em quem é punido, mas também consequências para quem integra a equipa, e até para a própria equipa. Quando se passa o problema de um lado para o outro, nada se resolve, adia-se a solução. O problema volta e, por vezes, muitas vezes, torna-se bem mais grave.