A Taça e a formação
No sábado jogou-se a final da Taça de Portugal, na semana anterior a Taça para equipas femininas, e 15 dias antes a Taça da Liga Revelação. Uma primeira ressalva, no caso do futebol feminino, as condicionantes são consideravelmente diferentes de qualquer outra competição. Neste momento temos ainda um número reduzido de praticantes femininas, cerca de 5% do total. Neste quadro a base de recrutamento para equipas juniores e seniores é muito reduzida. Há que continuar o trabalho para que o número de praticantes continue a aumentar como nos últimos anos.
Se possível até de forma mais acentuada. No Jamor, entraram em campo duas das maiores equipas portuguesas, sem que integrassem no onze qualquer jogador dos seus escalões de formação. Durante o jogo, apenas um jogador utilizado foi formado no próprio clube: Tiago Ilori. É muito pouco. Mas também o número de jogadores em condições de representar a Seleção de Portugal foi manifestamente baixo, três nos primeiros vinte e dois, tendo em atenção que Bruno Gaspar optou por representar Angola. Este cenário, fruto de processos diferentes, de opções estratégicas que estão também condicionadas pela globalização da actividade, merece reflexão profunda. Em contrapartida o FC Porto fez uma época fantástica no escalão sub-19. Ganhou interna e externamente. Demonstrou grande qualidade, colectiva e individual. Existe potencial para que este quadro se altere.
O Sporting por seu lado vive momento diferente. Está num processo de recuperação de um dos mais negros acontecimentos da História do nosso futebol. Tem jovens gerações com talento e potencial, precisa de tempo. Que, como sabemos, escasseia sempre no futebol profissional. Esta final veio reforçar a importância que a Liga Revelação e as equipas B podem ter no desenvolvimento do talento que existe em Portugal. Com opções diferentes, mas em qualquer caso a criar valor para os clubes e competições.