A Roma no sapatinho, s.f.f.

OPINIÃO12.12.201800:03

Com bastante estrelinha e quatro suplentes no onze inicial (depois entraram mais três), o FC Porto de Sérgio Conceição somou mais uma vitória (a quinta seguida na Champions, novo recorde nacional) e igualou os 16 pontos de António Oliveira na fase de grupos. Iker Casillas chegou às cem vitórias na Champions, Marega ultrapassou Jardel (cinco jogos seguidos a marcar…) e o FCP confirmou pela enésima vez que é, depois da Seleção, o melhor representante deste país nas competições internacionais. Ganhar o grupo como o FCP ganhou (1.º lugar assegurado a uma jornada do fim e banho de cinco pontos ao vice-campeão alemão) não é para quem quer. É para quem pode. Na lista dos clientes possíveis para os oitavos, os mais acessíveis, em minha opinião, encontram-se entre os segundos classificados dos grupos que jogam hoje. O Ajax (grupo E) é um deles, se não se lembrar de ganhar ao Bayern em Amesterdão e terminar em primeiro. Nesse caso, o Bayern seria uma péssima escolha - nem preciso de dizer porquê. No grupo F, temos Lyon ou o Shahktar de Paulo Fonseca na calha (difícil o City não terminar em primeiro). É claro que estamos a torcer por Paulo Fonseca, mas a verdade é que nenhum deles assusta o FC Porto. Menos ainda a desluzida Roma (grupo G), a quem o FCP, há pouco mais de dois anos, espetou 3-0 em pleno Olímpico. Seria um belo presente natalício. E ainda temos o Manchester United de Mourinho, previsível 2.º classificado no grupo H (Juventus de Ronaldo e Cancelo nem pensar!). O United tem uma aura forte na Champions, assim como Mourinho, mas olha-se para o que jogam e… parece não haver motivos para grandes alarmismos. Ademais, o FCP tem ótimas recordações de Old Trafford em oitavos-de-final. Como Mourinho bem sabe. Quanto aos segundos classificados dos grupos que jogaram ontem, não interessam nem ao menino Jesus. É evitá-los a todos. Sejam Dortmund ou Atlético Madrid (escrevo sem saber os resultados), Inter ou Tottenham e, sobretudo, Nápoles, ou PSG ou Liverpool. O Inter ainda vá que não vá, agora os outros…  

Passar a lanterna. Mais logo na Luz, num jogo sem qualquer interesse competitivo, o Benfica vai vencer (como se espera) e passar a indesejada lanterna vermelha europeia ao AEK de Atenas. A equipa grega apresta-se a terminar a fase de grupos com zero pontos, como o Benfica na época passada. A sorte do AEK é que este ano há mais três equipas na Liga Europa com fortes possibilidades de terminarem em branco (Rosenborg, Dudelange e Akhisarspor). Na época passada Rui Vitória, em 80 treinadores, foi o único que somou bola pontos. Por falar em Vitória e socorrendo-me do último artigo de opinião do João Bonzinho (a propósito das comparações que por vezes são feitas entre os resultados de Jorge Jesus e Rui Vitória no Benfica), acho que ele tem muita razão quando refere que a estatística pode ser usada - eu diria até: manobrada - consoante as conveniências. O caso de Vitória é exemplar. Os factos dizem-nos que ele é o único treinador do Benfica que apurou duas vezes a equipa para a fase eliminatória da Champions (em 2016 e 2017; falhou duas depois disso). Os outros que conseguiram qualificar-se foram Artur Jorge (1994), Ronald Koeman (2005) e Jorge Jesus (2011). Isto tem alguma relevância porque o Benfica só passou cinco vezes em 15 participações. Visto assim, Vitória parece uma glória. Mas os números também nos dizem que Rui Vitória é o pai do pior Benfica europeu de sempre, o tal que cumpriu uma Champions inteira sem fazer um único ponto e que soma dez derrotas (com algumas goleadas humilhantes pelo meio…) nos últimos doze jogos desta competição. Visto assim, Vitória parece uma desgraça.