À revelia da lei e ao arrepio dos estatutos

OPINIÃO04.06.201801:28

Nas cartas com os pedidos de rescisão de Rui Patrício e Daniel Podence é contada de forma pormenorizada a história recente do Sporting, particularmente no que concerne à relação entre Bruno de Carvalho, o plantel e o treinador.


Quantas vezes ouvimos, nos últimos meses, a propósito de notícias publicadas por nós e pelos outros jornais, desmentidos veementes e acusações de desestabilização, vindos de Alvalade? Quantas vezes foi imputada à comunicação social a culpa da agitação que envolvia os leões, dizendo-se, inclusivamente, que as mentiras propagadas visavam apenas beneficiar a concorrência do outro lado da Segunda Circular? Afinal, perante aquilo que agora se sabe, a única coisa de que jornais, rádios, televisões e sites podem ser acusados é de terem pecado por defeito, porque aquilo que foram sabendo e revelando ficou muito aquém da realidade.


Aqui chegados, perante a magnitude da crise e as consequências catastróficas que são facilmente antecipáveis (a CMVM, ao que tudo indica, não vai dar luz verde ao empréstimo obrigacionista de 15 milhões enquanto a situação do Sporting não conhecer clarificação...), seria de esperar algum bom senso por parte de quem devia zelar pelos superiores interesses do Sporting. Porém, aquilo a que se assiste é a uma escalada da agressão psicológica sobre o futebol verde e branco, que teve no esquecimento de Bruno de Carvalho da vitória na Taça da Liga, ao elencar os sucessos desportivos do clube na presente temporada, o mais recente episódio.


Neste momento, o Sporting está refém de sete dirigentes, que à revelia da lei e ao arrepio dos estatutos, querem tomar conta do clube. O despedimento da Mesa da Assembleia Geral, será, inevitavelmente, revertido pelos tribunais, só não se sabe exatamente quanto tempo demorará o processo. E uma coisa é certa: o tempo corre contra o Sporting, até para além da preparação da próxima época desportiva; e a radicalização de posições em curso tornará mais difícil sarar as feridas desta verdadeira guerra civil. Bruno de Carvalho, que para a esmagadora maioria dos sportinguistas foi, um dia, a solução, não passa, hoje em dia, do maior problema que o clube enfrenta desde a fundação, em 1906. Porque está a pôr em perigo o futuro da instituição.