A AG mais importante desde 1906
A maior crise da história do Sporting tem sido analisada, de forma exaustiva, pela maior parte dos comentadores portugueses, através de abordagens desportivas, económicas, legais, médicas e sociológicas. Todas estas opiniões devem ser consideradas importantes para o esclarecimento geral, mas é bom não esquecer que quem detém o poder para ultrapassar a situação dramática em que o clube de Alvalade se encontra são os seus sócios, nomeadamente aqueles que têm capacidade para votar na Assembleia Geral (AG) do próximo sábado.
Ao longo dos meses de perturbação leonina, especialmente depois do jogo de Madrid, tive oportunidade de escrever neste jornal algo que agora repito: O Sporting será aquilo que os seus sócios quiserem que seja. É nas mãos deles que repousa a solução para o clube, a soberania pertence-lhes, como cumpre em qualquer organização que se paute por princípios democráticos. Apesar de não ser difícil prever que a semana que hoje começa vai ser tumultuosa, radicalizando-se (ainda mais, se possível) as posições daqueles que defendem Bruno de Carvalho e dos que pretendem a sua destituição, a chave que abrirá a porta ao fim da crise vai estar no resultado da AG do próximo sábado. Vingue a posição que vingar, há que respeitar a vontade dos sócios, seja no sentido de manter Bruno de Carvalho, seja optando pela via de eleições antecipadas.
Neste momento, o Sporting está bloqueado e precisa da serenidade e do sossego que só pode derivar de uma pacificação, e esta, para ser inatacável, deverá decorrer da legitimação que a voz dos associados trará. E há que ser muito claro em relação a uma coisa: se a crise se prolongar indefinidamente nos tribunais, haverá um derrotado certo e seguro, o Sporting. Porque o estado de desconfiança vigente - que tem tradução prática no bloqueio do empréstimo obrigacionista na CMVM ou, noutro plano, na incapacidade do clube se reforçar de forma credível de olhos postos na próxima época - conduzirá o Sporting a uma desgraça ainda maior, quiçá irreversível.
É em tudo isto que os sócios do clube fundado em 1906 por José de Alvalade deverão pensar nos próximos dias. Têm o futuro do Sporting nas mãos, serão eles a decidir que tipo de clube querem ser. E quem ficar em casa no dia 23, depois não se queixe...