O peso de (não) saber comunicar
É inexplicável que o Benfica não tenha estancado o «caso Otamendi»
ACOMUNICAÇÃO de crise é um dos momentos mais delicados da gestão da informação por parte de um clube, empresa ou instituição. Perante o sucesso, há que procurar sublimá-lo e, sobretudo, não fazer nada contraproducente, que o diminua ou destrua. Por muito simples e fácil que pareça, nem sempre o é, por inexperiência, falta de controlo ou menor aptidão de quem comunica. É, obviamente, muito mais complicado encontrar palavras sábias para os momentos difíceis. Não são só as crises sempre diferentes, o que obriga a mais do que uma resposta estandardizada, mas também os recetores formam grupo demasiado heterogéneo para que se crie o mesmo impacto em todos. O futebol está atrasado no domínio comunicacional, desde os discursos formatados dos jogadores após a derrota com o «levantar a cabeça» e o «continuar a trabalhar» aos contantes erros dos técnicos nas conferências e até à impassividade dos profissionais departamentos de comunicação, que não perdem uma guerra de propaganda, mas falham onde é mais preciso: controlar danos.
É inexplicável que Jesus continue a dar tiros nos pés com constantes erros comunicacionais, sobretudo quando vistos desde dentro, na mesma medida que não se entende que, num momento tenso, o Benfica não tenha estancado o caso Otamendi com uma conferência conjunta ao lado do treinador, perdendo-se agora em discursos vazios de união. Também é impensável que Conceição tenha, por vezes, discurso mais austero e menos ponderado e até desalinhado com o resto do FC Porto. Ou que o selecionador nacional dê uma entrevista trágica em prime time, em que a única conclusão que se tira é que cumpriu todos os objetivos até agora - o que só sublinha a fraca ambição, inclusive na federação - e que continua a ser um bom homem. O que não nos melhora enquanto Seleção.