Schmidt: os números cinzentos que ensombram o treinador do Benfica
Roger Schmidt. Foto: IMAGO

Schmidt: os números cinzentos que ensombram o treinador do Benfica

FUTEBOL05.12.202308:29

Benfica tem menos vitórias, mais derrotas, marca menos golos e sofre mais do que há um ano; Na Liga, a mesma realidade; Empate (0-0) em Moreira de Cónegos afasta sinais de retoma

Vitória sobre o Sporting, no dérbi (2-1), triunfo sobre o Famalicão (2-0) e até o empate com o Inter (3-3) para a Liga dos Campeões sugeriram que a equipa estava em fase de retoma, avançando no sentido certo, ainda distante, mas na direção do Benfica de Roger Schmidt da temporada passada. 

Debalde. Empate em Moreira de Cónegos, que ironicamente até isolou os encarnados no comando da Liga, dado que o Sporting só ontem entrava em campo, afastou todos os sinais de recuperação e não somente pelo 0-0. 

O campeão nacional jogou pouco, não teve praticamente ocasiões de golo em toda a segunda parte, meio campo e ataque voltaram a não funcionar, a equipa da Luz perdeu parte da vantagem que tinha para o FC Porto, tendo os azuis e brancos coladinhos a um ponto. 

Roger Schmidt acabou por reagir com toda a naturalidade no final — «Às vezes temos de aceitar que há jogos assim, isto não é um sprint, é uma corrida longa» —, mas agora terá de lidar com muito mais: próximos três jogos são Farense, na Luz, para a Liga, Salzburgo, na Áustria, para a Champions, que decide continuidade ou adeus à Europa, e SC Braga, fora, para a Liga. Alto risco. 

E Schmidt terá de lidar, também, com os números, os números cruéis, cinzentos, honestos, pobres e reveladores que mostram não apenas que o Benfica está vivo nas três competições nacionais, mas também que o Benfica está a milhas da época passada. 

Os encarnados levam 21 jogos em todas as provas — 13 triunfos, três empates e cinco derrotas, 37 golos marcados e 20 sofridos —, em igual número de partidas em 2022/2023 registavam 17 vitórias e quatro empates, 52 golos marcados e 14 sofridos. Tinham vencido no Dragão e em Turim, espalhavam magia nos relvados nacionais e internacionais. 

No campeonato, apesar de apenas ter descido uma posição, de primeiro para segundo, a diferença dos Benficas é gigantesca. 

À 12.ª jornada 2022/2023, Roger Schmidt comandava uma equipa que apresentava 11 vitórias e um empate, com 34 golos marcados e apenas 6 sofridos. O concorrente mais próximo, o FC Porto, estava a 8 pontos (!), SC Braga ia a 9, Casa Pia a 11 e o Sporting, no 5.º lugar, estava a 12. 

Este ano, o líder é o Sporting, Benfica segue a dois pontos, FC Porto vem logo a seguir, a um. Encarnados têm 9 vitórias, dois empates e uma derrota, 23 golos marcados e nove sofridos. 

Menos triunfos, mais derrotas, menos golos marcados, mais golos sofridos, menos pontos. Os números falam por si e, normalmente, valem muito, sobretudo no futebol e num contexto em se ouve a toda a hora uma das frases de algibeira dos treinadores: «As contas fazem-se no fim.» 

Reforços?

Nem tudo se resume, é verdade, a números. Sabemos que Arthur Cabral custou €20 milhões e que David Jurásek justificou investimento de €14 milhões. Kokçu até foi mais caro, €25 milhões, mas em Moreira de Cónegos, com apenas direito a uma parte enquanto suplente utilizado, mostrou que merece o seu lugar no onze. 

Em relação ao ponta de lança brasileiro e ao lateral-esquerdo o que está em causa, mais do que os números, são as performances. As exibições não são boas. Com a atenuante, todavia, de raramente terem sido vistos com consistência, falta-lhes a aposta total que o treinador fez, por exemplo, em Trubin.

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