Vítor Carvalho é o operador principal da ‘sala de máquinas’. Preponderância no miolo e… obra de arte no golo ao Hoffenheim. Sempre ao serviço do coletivo
Vem aí uma bola que só dá para rematar de pé esquerdo? Então, vai já daqui! Podia perfeitamente ter sido este o pensamento de Vítor Carvalho ao minuto 90+5 do duelo de ontem frente ao Hoffenheim. Afinal, nessa altura, o médio brasileiro encheu-se de fé e não se fez rogado a uma bola rechaçada que sobrou para a entrada da área e, de primeira, de pé esquerdo, atirou sem apelo nem agravo, fazendo um golaço na Pedreira!
O SC Braga já tinha os três pontos garantidos – na altura vencia por 2-0 -, mas o camisola 6 fez questão de colocar a cereja no topo do bolo de uma grande noite europeia dos guerreiros do Minho e assinou uma autêntica obra de arte que ofereceu aos mais de 10 mil espectadores que pintaram o anfiteatro bracarense de vermelho e branco.
«Só sai golo assim de canhota, não é? [risos] Mas eu estou muito feliz pelo golo, tenho vindo a trabalhar bastante e estou feliz por ter ajudado na vitória», assinalou Vítor Carvalho, no final do encontro, visível e compreensivelmente satisfeito.
Este foi o segundo tento apontado pelo brasileiro na presente temporada. O primeiro golo tinha sido também em contexto internacional, mas, no caso, ainda no play-off de acesso a esta mesma Liga Europa. No passado dia 22 de agosto, Vítor Carvalho deu início à reviravolta operada pelos guerreiros do Minho na receção ao Rapid Viena (2-1) – Rodrigo Zalazar, já na segunda parte, sentenciou o triunfo.
Bracarenses sofreram o golo quando os austríacos estavam com 10; Vítor Carvalho e Zalazar impulsionaram a reviravolta, mas fica a ideia de que a 2.ª mão vai ser outra dura batalha para os guerreiros
Vítor Carvalho ainda está longe do melhor registo de carreira (faturou por cinco vezes ao serviço do Gil Vicente, na época 2022/2023), mas já ultrapassou a marca conseguida na temporada passada nos arsenalistas (um golo em 44 jogos).
Convém, ainda assim, sublinhar que as caraterísticas do número 6 são (muito) mais defensivas do que propriamente ofensivas. Vítor Carvalho é um jogador de equilíbrios, aquilo a que se convencionou chamar o operador principal da sala de máquinas.
O setor intermediário é, como se sabe, absolutamente nevrálgico para o bom funcionamento das equipas e o canarinho, de 27 anos, pisa aqueles terrenos como ninguém. Inteligente na ocupação de espaços e forte nos duelos individuais, Vítor Carvalho tem também a qualidade de passe para iniciar, muitas vezes, a primeira fase de construção. E sempre que pode… galga metros e integra-se na manobra atacante. O coletivo agradece(-lhe).