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FC Porto: a superação de Marcano

NACIONAL03.03.202508:00

Resiliência, capacidade de sofrimento e muito apoio familiar foram as chaves-mestras para o regresso à competição após 533 dias de intensa luta. FC Porto ganha uma mais-valia para o que resta da temporada

Durante ano e meio, Marcano viveu um autêntico martírio, depois de ter sido operado ao ligamento cruzado anterior do joelho direito em setembro de 2023 e ficando com a carreira em risco, tendo em conta que em 2020 havia sofrido a mesma lesão e no mesmo joelho. Foi uma longa travessia na via sacra, mas com grande poder de superação o espanhol conseguiu fintar o infortúnio e voltar a competir ao mais alto nível em Arouca, num jogo em que esteve em campo 75 minutos e ajudou o FC Porto a manter a baliza a zeros, jogando numa linha de três centrais com Nehuén Pérez e Otávio ao seu lado.

Com 37 anos, Marcano viveu momentos de verdadeira angústia, sempre a empenhar na marquesa do Centro de Treinos e Formação Desportiva PortoGaia, no Olival, com o firme propósito de voltar a jogar futebol, uma forma de exercer a profissão, mas também dar uma alegria ao seu filho, que sempre o questionava por que razão não o via em campo quando jogava o FC Porto.

E foi com essa força familiar que o defesa-central se empenhou durante meses a fio para ter a devida compensação de ficar apto clinicamente para competir. Horas a fio de tratamento, resiliência, dedicação a uma causa de um profissional de excelência, muito respeitado no balneário e com o estatuto de sub-capitão, só superado por Diogo Costa, devido ao facto de ter mais anos de casa.

Quem conhece Marcano sabe que estamos perante um homem dedicado à causa, que leva tudo ao mais ínfimo pormenor e, apesar de ter uma personalidade especial, já que raramente esboça um sorriso, gosta de passar para os mais novos toda a experiência acumulada na sua já longa carreira, marcada, infelizmente, por duas lesões graves.

Voz de comando e referência

Numa altura em que tanto se reclama a falta de referências em campo na atual equipa do FC Porto, que perdeu nomes como Pepe, Taremi, Evanilson, Galeno, Francisco Conceição, Fábio Cardoso, Toni Martínez, Nico González, o regresso de Marcano é visto pela estrutura do futebol profissional como uma mais-valia para o que resta da temporada. Matematicamente, o título ainda não é uma miragem e está perfeitamente ao alcance, daí que o próximo encontro em Braga, no sábado, seja preponderante para essas contas finais.

Marcano engrossa o lote de centrais disponíveis para atacar em força o final da temporada, ele que foi bastante elogiado pelo discurso que teve na flash-interview da SportTV no final do encontro de Arouca, em que colocou acima de tudo os interesses do FC Porto. Um Marcano a mostrar o seu lado mais sensível e que finalmente pode sorrir pela nova oportunidade para jogar...

Em final de contrato (e talvez de ciclo)

O vínculo laboral de Marcano expira em junho deste ano e não é lícito que o defesa-central prorrogue o mesmo por duas questões. A idade, 37 anos, e também o facto de ser um dos ativos do atual plantel que aufere um rendimento mais elevado, superior a um milhão de euros líquidos anuais. Obviamente que a decisão final caberá sempre a Martín Anselmi, articulado com a estrutura do futebol profissional, mas o treinador argentino poderá pedir ao presidente André Villas-Boas um ou mais defesas-centrais com perfis diferentes daqueles que tem neste momento para implementar a sua ideia de jogo de três defesas a sair com bola. Marcano, pelo menos até junho, tem a possibilidade de ajudar o FC Porto na prossecução dos seus objetivos que ainda estão em aberto.