Cinco momentos inesquecíveis deste CAN
A Costa do Marfim é campeã de África! (IMAGO/Newscom world)

Cinco momentos inesquecíveis deste CAN

INTERNACIONAL12.02.202418:00

Dentro e fora de campo, desde as confusões às emoções, eis alguns momentos que definiram a prova

Terminou este domingo o Campeonato Africano das Nações, com a vitória da Costa do Marfim sobre a Nigéria, por 2-1. Ao longo do torneio, muitos foram os momentos de destaque, desde os mais emocionantes aos mais caricatos. Neste artigo, explore alguns dos que mais chamaram à atenção na prova africana.

Peseiro perde mais uma final!

11 fevereiro 2024, 22:00

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Costa do Marfim, de Diomande, é campeã de África pela terceira vez, após bater a Nigéria, por 2-1, na final do CAN

Sebastian Haller: herói dentro e fora do campo!

Depois do difícil arranque, a Costa do Marfim conseguiu chegar à final em casa, frente à Nigéria, de José Peseiro. Foram as Super Águias que começaram a ganhar, com um golo de canto de Troost-Ekong. Os Elefantes reagruparam no intervalo e, muito graças a Simon Adingra, jogador do Brighton que fez duas assistências, a seleção de Emerson Faé foi coroada campeã de África.

Venceu o cancro e venceu o CAN, eis Sébastien Haller!

12 fevereiro 2024, 07:30

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Fez estragos em Alvalade e deixou marca na Champions, mas um cancro em 2022 quase lhe tirou a vida. Venceu-o, voltou mais forte, trocou o Ajax pelo Dortmund já depois de ter trocado a França pela Costa do Marfim. E, este domingo, fez o 2-1 que garantiu a conquista do CAN

O golo da vitória teve justiça poética. Aos 81 minutos, Sebastian Haller consumou a reviravolta. Em 2022, o avançado costa-marfinense foi diagnosticado com um cancro nos testículos. Esteve longe dos relvados durante sete meses, regressou e, ano e meio depois, levou a sua seleção à glória continental!

As chegadas das seleções

O espetáculo dos jogos do CAN começava muito antes do apito inicial. À chegada aos recintos, os conjuntos nacionais faziam questão de dar espetáculo: música, dança e boa disposição eram as palavras de ordem! Muitas seleções embarcaram nesta forma de chegar aos jogos, como são disso exemplo...

... Angola...

... Nigéria...

... Cabo Verde...

... ou África do Sul.

Costa do Marfim: desde quase eliminados... até ao título!

A Costa do Marfim, anfitriã do torneio, teve um início muito atribulado. Uma vitória e duas derrotas na fase de grupos deixaram os Elefantes à beira da eliminação, e só com muita sorte conseguiram ser o último melhor terceiro para avançar para a fase a eliminar. A insatisfação com as exibições era visível.

Após o último jogo da fase de grupos - uma derrota pesada por 4-0 frente à Guiné Equatorial - o técnico Jean-Louis Gasset foi demitido, para dar lugar a Emerson Faé. Nessa altura, convém relembrar, a Costa do Marfim ainda estava em competição, ainda que precisasse de uma conjugação de resultados favorável nos outros grupos. Isso aconteceu e, quatro jogos depois, eis que os Elefantes são campeões africanos.

Mas então, o que é que aconteceu para que a Costa do Marfim conseguisse ter espaço para ressuscitar até à final? Vejamos...

O erro que eliminou o Gana e o cerco da imprensa

Na disputa pelo quarto melhor terceiro lugar, estava o Gana. A jogar com Moçambique, as Estrelas Negras de África sabiam que só a vitória servia para passar à próxima fase. Depois da derrota com Cabo Verde e o empate com o Egito, a seleção ganesa enfrentava Moçambique. Os 90 minutos correram de feição: dois penáltis de Ayew sem resposta valiam o segundo lugar do grupo B e a passagem à fase a eliminar. Na compensação, aparece Geny Catamo, que fez, também da marca dos onze metros, o 2-1, resultado que ainda chegava. E eis que surge... Richard Ofori.

Neste lance, o guarda-redes do Gana, que podia deixar a bola sair, decidiu tentar agarrar. Não conseguiu e o lance resultou em canto. Geny Catamo bateu, Reinildo cabeceou e, aos 90+7'... empatou. Resultado: 2-2, os ganeses somaram dois pontos e ficaram fora do CAN.

Após o jogo, e já com os jogadores no autocarro, a imprensa ganesa cercou o veículo, com o objetivo de obter explicações sobre a desastrosa prestação das Estrelas Negras, uma das seleções favoritas à conquista. O jornalista Saddick Adams mostrou a situação, afirmando que «a imprensa só quer reunir com a equipa» e que «os jornalistas não tolerarão mais este nível de vergonha e desperdício».

RD Congo: muito para lá do futebol

A RD Congo foi a quarta classificada do Campeonato Africano das Nações, mas o impacto dos Leopardos vai muito para lá das quatro linhas.

À data de hoje, faz quase dois anos que começou uma guerra civil na zona oriental do país. Milhares de pessoas morreram no conflito armado durante estes quase dois anos, e os desalojados, doentes e vítimas de violência, particularmente de cariz sexual, são ainda mais.

A seleção congolesa aproveitou a exposição para passar a mensagem para o Mundo que, no seu país, há que tomar atitudes. No início do hino, o onze perfilado fez questão de tapar a boca e simular uma arma apontada à cabeça. O silêncio é ensurdecedor: há pessoas sem voz que perdem a vida. Há coisas que vão para lá do futebol, e o desporto-rei continua a ser meio de ajudar a Humanidade. 

O gesto dos jogadores da RD Congo (IMAGO/Newscom World)