7 setembro 2023, 16:32
Renato Paiva justifica saída: «Não admito que faltem ao respeito»
Treinador português apresentou a demissão
Recentemente ao serviço do Bahia, o técnico refere a «hecatombe emocional» do Botafogo e realça a «mentalidade competitiva» do Pameiras, de Abel Ferreira; deixa elogios a Fernando Diniz
A luta pelo título de campeão do Brasileirão está ao rubro e Nuno Presume não arrisca um palpite sobre quem vai sair vencedor no final do campeonato. «Quando saí do Bahia, o Botafogo estava embalado para o título. As pessoas não tem noção do trabalho estratosférico do Luís Castro que, além dos resultados, conseguiu organizar toda a estrutura de futebol do clube. Quando ele saiu para a Arábia Saudita, deixou um vazio e veio a nu as fragilidades existentes. As relações humanas dificultaram o trabalho do Bruno Lage, que não teve assim tantos maus resultados que justificassem a sua saída. A estrutura recorreu à mudança sucessiva de treinadores e agoras eles estão numa hecatombe, sobretudo emocional, em que não conseguem ganhar jogos, mesmo estando com vantagens de dois ou três golos. Por sua vez, o Palmeiras tem um lado competitivo extraordinário. O Abel joga muito com o lado mental dos jogadores, estimulando-os a ir em busca de troféus. O RB Bragantino, do Pedro Caixinha, está também na corrida, embora tenha uma reta final de campeonato mais complicada com jogos contra Flamengo, um concorrente direto, e Internacional. Até o Grêmio e o At. Mineiro podem sonhar com o título. Nada fazia prever toda esta emoção, mas é a magia do futebol», revelou o técnico-adjunto em conversa com A BOLA.
Depois de 10 meses ao serviço do Bahia, inserido na equipa técnica de Renato Paiva, o treinador-adjunto explica o que torna o Brasileirão «especial»: »É uma competição muito particular, pela densidade competitiva. Posso dizer que durante o período em que estivemos lá, realizámos mais de 50 jogos, divididos entre Estadual, Copa do Brasil, Copa do Nordeste e campeonato. É muito exigente a nível físico e psicológico, não só para os jogadores, mas para a equipa técnica também. O número exagerado de viagens de avião, reduz drasticamente o tempo de treinar. Os nossos treinos de recuperação serviam para analisar taticamente o adversário do jogo seguinte. E, depois, em cima de tudo isto tens a pressão da 'torcida', mas essa é a melhor coisa do futebol brasileiro, porque tens 40 ou 50 mil adeptos a puxar pela equipa quase todas as semanas. É um contexto desgaste, mas ótimo para um treinador de futebol, pois dá-te uma bagagem incrível.»
7 setembro 2023, 16:32
Treinador português apresentou a demissão
E como é encarar a ida dos adeptos ao campo de treinos? Nuno Presume responde: «Passámos por isso quando perdemos para a Copa Nordeste com o Sport Recife por 6-0. Poucos dias volvidos, a torcida foi pedir explicações à equipa técnica. A invasão ao CT é uma prática corrente no Brasil, algo natural nos clubes brasileiros. Ela não é feita para assustar ou agredir alguém, mas sim para deixar um alerta. O povo brasileiro é muito emocional sobre os resultados e nós treinadores temos que colocar água na fervura. No futebol, ainda para mais no Brasil, a emoção não pode prevalecer sobre a razão! Nenhum clube é gerido de acordo com as opiniões de A,B,C. Há que dar tempo.»
Sobre as declarações de Abel, que afirmou, recentemente, estar de «saco cheio» do Brasil, este assume perceber o desabafo do compatriota e colega de profissão. «Ele está há quatro anos no Palmeiras, num patamar de exigência muito elevado, pois ele joga para títulos constantemente. A imprensa cobra-lhe muito, porque ele é responsável pelo período de maior sucesso do Palmeiras.»
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Elogios a Fernando Diniz
Embora já esteja em Portugal há algum tempo, Nuno Presume continua a deitar um olho ao futebol sul-americano e deixa elogios a Fernando Diniz, selecionador brasileiro, que conquistou recentemente a Taça Libertadores pelo Fluminense: «Neste momento, é a referência dos treinadores brasileiros. Pratica um futebol atrativo, em posse, muito apelativo para os jogadores, mas sem esquecer a objetividade de atacar a baliza. Dá muito enfâse a primeira fase de construção e é um treinador moderno nas suas ideias.»
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Na carreira, Nuno Presume conta com passagens por SL Cartaxo, U. Santarém, Fátima, At. Riahense, Loures, Portomosense, 1.º Dezembro, Olhanense, 1.º de Agosto (Angola), V. Guimarães, Sporting e Venezuela.