Benfica: Schmidt ainda resiste
Roger Schmidt no final do jogo com o Famalicão. Foto: Grafislab

Benfica: Schmidt ainda resiste

NACIONAL07.05.202401:00

Treinador tem cada vez menos apoio na SAD e nos órgãos sociais do clube; mas há na estrutura do futebol profissional quem defende continuidade; saída improvável, mas não impossível

A derrota do Benfica em Famalicão, anteontem, consumou o fim já anunciado da possibilidade de renovação do título com duas jornadas para o fim do campeonato e reforçou a insatisfação, já profunda, entre elementos da SAD e dos órgãos sociais do clube com o trabalho de Roger Schmidt. A saída do treinador no final da época é, neste momento e ainda, improvável, mas, apurou A BOLA, não impossível.

Schmidt tem cada vez menos apoio dentro e fora do Benfica. Depois da contestação ainda no estádio, no final do jogo com o Famalicão, a equipa foi recebida na Luz, na madrugada de ontem, por cerca de três dezenas de adeptos em fúria. E o treinador foi, claro, um dos principais alvos da indignação por um resultado que só agravou o contexto já negativo. A forte presença policial junto à rotunda Cosme Damião, que dá acesso à garagem da Luz, evitou problemas maiores. Mas fica claro que o treinador é considerado, neste momento, o principal responsável pela situação desportiva, embora também Rui Costa já tenha sentido, como aconteceu em Faro, o descontentamento de adeptos e já tenha sido insultado pelo mau desempenho da equipa.

É o presidente do Benfica quem terá de decidir o futuro do treinador. E quem está dele próximo acredita que, por agora, a ideia será manter Schmidt. Se na SAD e órgão sociais há poucos defensores do alemão, na estrutura do futebol profissional ainda há quem, com poder, entenda que o treinador deva continuar.

Desalinhados

O desânimo por uma época que acabará apenas com a conquista da Supertaça é consensual, apesar de Schmidt encontrar motivos suficientes para considerar a temporada positiva. Nas conferências de imprensa antes e depois do jogo com o Famalicão o treinador argumentou que a época foi boa.

A nossa época foi boa, mas não foi espetacular. Não fomos bons para uma época fora de série

Já o capitão Nicolás Otamendi não teve papas na língua e, ao contrário de Schmidt, pediu desculpa aos adeptos. «Foi uma época muito má. Não estivemos à altura», disparou o campeão do mundo argentino.

Foi uma época muito má. Há que pedir desculpa aos adeptos. Não estivemos à altura

A favor do técnico, para lá do crédito de ter sido campeão, ainda vai pesando a capacidade de a equipa ter chegado, pela segunda vez, aos quartos de final de uma competição europeia, embora seja impossível ignorar o fracasso na Liga dos Campeões. E Schmidt conhece, agora, melhor a realidade e exigência do Benfica, estando, como tal, mais bem preparado para uma nova época, que já está a preparar com a estrutura do futebol profissional.

A saída de Schmidt implicaria, desde logo, um esforço financeiro, que eventualmente agravaria a necessidade de vendas de jogadores no verão. Schmidt ganha €4 milhões limpos por época — com mais dois anos de contrato o Benfica está comprometido com mais €16 milhões, incluindo impostos. Esse é um dado importante, embora não determinante para a tomada de qualquer decisão. E a contratação de outro treinador é, desde logo, um risco, por não garantir sucesso.

Contra a continuação de Schmidt está, desde logo, o divórcio com os adeptos. E a isso associado o risco de um mau começo de temporada poder fazer rebentar, em definitivo, o barril de pólvora. Não seria a primeira vez que um treinador supercontestado ficaria para o ano seguinte, basta recuar a 2013 quando Luís Filipe Vieira segurou Jorge Jesus e, na SAD e no clube, poucos defendiam o treinador.

Talvez mais importante seja a relação do treinador com os jogadores. Alguns estão descontentes com as opções e métodos de trabalho de Schmidt. E, provavelmente, nalguns casos a relação será irreparável e obrigará a transferências. Por enquanto Schmidt resiste.

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