Espaço Universidade O regresso cauteloso do Basquetebol Universitário (NCAA) (artigo de Eduardo Monteiro, 64)
Pela primeira vez na história da “National Collegiate Athletic Association” (NCAA) não se efectuou a fase final (March Madness-2020) da mais importante competição universitária de basquetebol masculino (Divisão I) dos Estados Unidos devido à pandemia que assolou o país. Contudo, a partir da suspensão das actividades desportivas as universidades norte americanas começaram, desde logo, a preparar a nova época desportiva (2020/21) na esperança de que uma vacina milagrosa surja no mercado e tudo regresse à normalidade. Assim, deram início à fase do recrutamento dos jogadores provenientes do High School (ensino secundário), sem a presença dos candidatos às bolsas de estudo na qualidade de estudantes-atletas, nem a deslocação dos treinadores universitários às respectivas escolas. Pela primeira vez, todas as etapas do processo de recrutamento foram efectuadas por via digital, quer dizer, a observação dos jogadores em competição, a imprescíndivel informação académica e as conversações com os atletas, familiares e respectivos treinadores. Um novo modelo, sem deslocações e riscos de contágio com a vantagem de ser muito mais económico.
Entretanto, o comité de gestão do basquetebol universitário liderado pelo vice-presidente da NCAA, Dan Gavitt, e os responsáveis das diferentes conferências regionais foram analisando a evolução da pandemia nas regiões onde estão inseridas. Houve um esforço conjunto na procura de soluções para os problemas mais prementes tendo em vista a preparação e organização da nova época desportiva e a criação de eventuais planos de contingência face a hipotéticas situações de crise sanitária. Assim, no dia 25 de Novembro começaram a disputar-se os primeiros encontros integrados na fase preparatória das equipas, a que se seguiram as competições oficiais das diferentes conferências regionais que terão, esta época desportiva um máximo de 18 jogos (9 jogos em casa e outros 9 fora de portas). As datas previstas para o início das competições varia em função da situação pandémica local. O apuramento das 68 equipas universitárias que irão participar na fase final “March Madness” está dependente dos resultados obtidos nas respectivas conferências. A designação da palavra madness surgiu porque o torneio é disputado por eliminatória directa, quer dizer as equipas são eliminadas à primeira derrota.
PROGRAMA DA FASE FINAL (MARCH MADNESS 2021)
- Domingo selectivo (Selection Sunday) (14 Março)
- Quatro primeiros (First Four) (16 e 17 Março)
Local: University of Dayton Arena (Dayton/Ohio).
-1ª e 2ª eliminatórias (First and Second Rounds) (18 e 20 Março) Locais: Providence College (Providence/Rhode/Island); Boise State University (Boise/Idaho); University of Detroit (Detroit/Michigan) e Big 12 Conference (Dallas/Texas).
-1ª e 2ª eliminatórias (First and Second Rounds) (19 e 21 Março)
Locais: Wichita State University (Wichita/Kansas); University of Kentucky (Lexington/Kentucky); North Carolina State University (Raleigh/North Carolina); West Coast Conference (San Jose/California).
- Semi finais e finais regionais (Sweet Sixteen and Elite Eight)
(25 e 27 Março)
Midwest Regional: University of Minnesota (Minneapolis/Minnesota).
West Regional: Mountain West Conference (Denver/Colorado).
(26 e 28 Março)
South Regional: University of Memphis (Memphis/Tennessee).
East Regional: Atlantic 10 Conference (Brooklyn/New York).
- Semi Finais da Final Four (3 Abril) e Final Championship (5 Abril)
Local: cidade de Indianapolis, Estado de Indiana.
PLANOS DE CONTINGÊNCIA
Estão previstas duas hipóteses:
1ª - Deslocar a fase final para o mês de Maio, permitindo a realização dos jogos adiados, a conclusão das provas das conferências, assim como a conciliação com o final das actividades académicas;
2ª - Organizar uma BOLHA, a exemplo da NBA, na cidade de Indianapolis onde está localizada a sede da NCAA, na data prevista, mas com um número mais reduzido de equipas.
TRANSMISSÕES TELEVISIVAS
Turner Sports e CBS Sports possuem os direitos exclusivos para a transmissão dos eventos desportivos da NCAA à escala nacional e a ESPN Internacional as transmissões para o estrangeiro. Para além disso, as inúmeras estações de televisão de âmbito regional têm acordos pontuais para a transmissão dos jogos das equipas universitárias das respectivas conferências.
BOLSAS DE ESTUDO
Atendendo a que os jogos serão realizados sem espectadores, as receitas de bilheteira não existem pelo que as verbas provenientes do marketing e das transmissões televisivas são fundamentais para a manutenção do programa das bolsas de estudo (460.000) aos estudantes/atletas das centenas de universidades espalhadas pelo país.
DATAS E LOCAIS DAS FUTURAS FINAL FOUR:
- 2021 (3 e 5 Abril) - Horizon League (Indianapolis/Indiana);
-2022 (2 e 4 Abril) - Tulane University (New Orleans/Louisiana);
-2023 (1 e 3 Abril) - Rice University (Houston/Texas);
- 2024 (6 e 8 Abril) - Arizona State University (Phoenix/Arizona);
-2025 (5 e 7 Abril) - University of Texas (San Antonio/Texas);
- 2026 (4 e 6 Abril) - Horizon League (Indianapolis/Indiana).
JOGADORES ALL-AMERICA (2019-2020)
Embora a época desportiva anterior não tenha sido concluída foram nomeados os jogadores All-America e respectivas universidades:
1ª Equipa:
Luka Garza (Iowa), Markus Howard (Marquette), Myles Powell (Seton Hall), Payton Pritchard (Oregon) e Obi Toppin (Dayton).
2ª Equipa:
Udoka Azubuike (Kansas), Vernon Carey Jr. (Duke), Devon Dotson (Kansas), Malachi Flynn (San Diego State) e Cassius Winston (Michigan State).
PRINCIPAIS CANDIDATOS All- AMERICA (2020-2021):
1 – Luka Garza – Extremo/Poste (Iowa), 2 – Ayo Dosunmu – Base (Illinois); 3 - Cade Cunningham – Base (Oklahoma State), 4 - Remy Martin – Base (Arizona State), 5 – Jared Butler – Base (Baylor), 6 – Marcus Garrett – Base (Kansas), 7 – Corey Kispert – Extremo (Gonzaga), 8 – Collin Gillepsie – Base (Villanova), 9 – Sam Hauser –Extremo (Virginia) e 10 – Trayce Jackson-Davis – Extremo (Indiana).
A grande maioria das famílias destes jovens não reúne condições económicas para frequentarem uma universidade norte americana, pelo que o programa criado pela NCAA para atribuição de bolsas de estudo a estudantes/atletas foi uma excelente ideia e é uma oportunidade única na vida destes talentos do desporto. Na última década, alguns jogadore(a)s do basquetebol nacional têm aproveitado este programa e frequentado as universidades norte americanas. A nossa vizinha Espanha é um cliente habitual deste programa e tem esta época mais de 100 (entre rapazes e meninas) basquetebolistas, a que os nossos nuestros hermanos designam como “Armada Espanhola” integrados nas equipas das diversas universidades dos USA.
No sistema desportivo nacional a inexistência de um projecto de desenvolvimento desportivo sugere que se torna necessário repensar o desporto, a começar na educação desportiva nas escolas do 1º ciclo do ensino básico até à especialização dos talentos, apoiados com bolsas de estudo nas Universidades na qualidade de estudantes/atletas integrados no programa de alta competição.
Eduardo Monteiro é ex-treinador do SL Benfica e das Seleções Nacionais