Desporto e identidade (artigo de Vítor Rosa, 238)

Espaço Universidade Desporto e identidade (artigo de Vítor Rosa, 238)

ESPAÇO UNIVERSIDADE23.08.202315:13

O desporto desempenha um papel importante no desenvolvimento das identidades - locais, regionais ou nacionais. Os grandes eventos desportivos são um “terreno” ideal para se analisar a relação entre o desporto e as identidades. Na prática, isto significa demonstrações de “banal nacionalismo” (Billig, 1995), que são particularmente comuns durante as competições desportivas. Temos, por exemplo, o vestir a camisola da equipa nacional, acenar com a bandeira do país ou cantar o hino nacional. Tudo isto, se traduz numa “performance” de identidade nacional. Mesmo que seja difícil avaliar em termos concretos, participantes e espetadores podem reforçar o seu sentimento de pertença à nação.

Os espetáculos desportivos podem se tornar parte integrante da “memória coletiva”. Partem de uma série de acontecimentos socioculturais e históricos que constroem a nação e se tornam do conhecimento comum. As grandes competições colocam também em evidência as tensões de identidade nas sociedades.

Os Estados modernos utilizam o desporto para fins políticos, permitindo que o desporto forje novos laços entre as comunidades. Nas grandes competições desportivas, os países de acolhimento apresentam-se como entidades capazes de investir em grandes instalações desportivas e capazes de investir em grandes eventos. As medalhas conquistadas pelos atletas que representam o seu país em competições supranacionais tornam-se uma fonte de orgulho nacional.

A utilização política do desporto pelos governos intensificou-se a partir dos anos 1930, no coração da chamada “Europa totalitária”. Ditaduras como a Itália de Mussolini e a Alemanha de Hitler acolheram os maiores acontecimentos desportivos (Campeonato do Mundo de Futebol, em 1934, em Itália; Jogos de Inverno e de Verão de 1936, na Alemanha) com o objetivo de promover as suas visões da sociedade à escala internacional. De uma forma mais positiva, a organização dos Jogos por Barcelona, em 1992, contribuiu para dar uma imagem dinâmica, não só da cidade, mas também de Espanha, finalmente livre do franquismo e recentemente integrada nos Estados-Membros.

A promoção de uma identidade comum é fundamental para o projeto europeu. A União Europeia (UE) tem uma bandeira, um hino nacional, fronteiras e um número de cidades consideradas capitais, devido à presença das suas instituições. No entanto, durante as grandes competições desportivas, a identidade nacional continua a prevalecer sobre o sentimento de pertença à UE.

Referência: Billig, M. (1995). Banal Nationalism. Sage Publications.

Sociólogo, Pós-Doutorado em Sociologia e em Ciências do Desporto, Doutor em Educação Física e Desporto, Ramo Didática.

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