Feyenoord-Benfica: A crónica e o positivo e negativo

Benfica Feyenoord-Benfica: A crónica e o positivo e negativo

NACIONAL30.07.202320:16

JOGAR FRENTE AO ESPELHO DÁ PARA PERCEBER OS PRÓPRIOS DEFEITOS


Feyenoord teve tudo (em maior quantidade) o que o Benfica costuma ter; Águia volta a ter problemas frente a equipas agressivas na pressão; Falta de soluções e muita desinspiração  
 

São muitos os pontos de contacto entre Benfica e Feyenoord nos tempos recentes e não tal não se deve apenas aos negócios de Aursnes e Kokçu. O futebol praticado pelo campeão dos Países Baixos também tem muitas semelhanças com o de Roger Schmidt e por isso era interessante perceber como iriam as águias jogar frente ao espelho, no último teste antes da Supertaça, frente ao FC Porto.


É caso para dizer que o reflexo foi muito melhor que o original. O Benfica teve menos agressividade na procura da bola, não soube encontrar soluções perante a forte pressão alta e o talento individual (que tantas vezes disfarça as lacunas nas saídas no primeiro terço) também ficou algures perdido entre Lisboa e esta cidade portuária.


Uma exibição pálida que deve acender alguns alertas porque já começa a ser um padrão: os encarnados sentem muitas dificuldades perante equipas com linhas subidas e aguerridas. Sem Grimaldo, o Benfica perdeu um recurso muito importante na hora de criar a partir de trás e Jurásek ainda está longe de substituir o espanhol - e é nestas horas que dá jeito ter um guarda-redes que faça a diferença atuando de frente para o jogo, como, aliás, fez Biljow no noutro lado.  


Além disso, a dupla Kokçu/Aursnes não teve o dinamismo que teoricamente se imaginava, ora porque os sentimentos do regresso mexeram com eles ou porque a incapacidade que ambos têm de oferecer agressividade defensiva lhes tira a confiança. E foi precisamente essa a grande lacuna da águia: a permissividade nas transições defensivas. Um erro do norueguês em zona proibida originou o primeiro golo do Feyenoord (um tiro indefensável de Igor Paixão) e uma rápida jogada (roubo de bola e passe vertical) finalizada com classe por Giménez resultou no 2-0 - o mexicano estava ligeiramente adiantado, mas o relevante aqui é o processo.


GOLO NEM PARA DISFARCE

Ao contrário dos outros cinco jogos, Schmidt não mudou onze jogadores ao intervalo. Fez apenas três alterações mas a tendência manteve-se: o Feyenoord sempre mais perto do 3-0 porque jogava no meio-campo do Benfica, algo que mudou ligeiramente com Florentino (é mesmo preciso ter alguém que defenda naquela zona) e João Neves.


A boa atitude da jovem dupla foi acompanhada por Neres (mas só quando passou a jogar na direita do ataque) e Tiago Gouveia. O golo de honra ainda apareceu (insistência de Gouveia e cheiro a golo de Musa) mas nem sequer disfarça uma exibição a anos-luz do Benfica dominador. Jogar frente ao espelho tem no entanto uma vantagem: dá para perceber melhor os próprios defeitos.

O POSITIVO

Oportunismo de Musa: aproveita o pouco tempo que lhe é concedido para marcar. Equilíbrio de Florentino: com ele a equipa ficou mais segura. Atrevimento de Tiago Gouveia
 

O NEGATIVO

Problemas na construção perante a pressão alta do adversário. Pouca agressividade nas transições defensivas. Jurásek ainda em adaptação, sem conseguir fazer a diferença
 

O ONZE INICIAL

O ONZE FINAL