Sporting O balanço do estágio: Amorim com mais certezas

Imaginemos Rúben Amorim a corrigir o exame deste estágio de 12 dias no Algarve tranquilamente em sua casa. Ponto por ponto. Naquele que foi o primeiro grande teste de avaliação aos seus alunos para o ano que se avizinha. E, nesse exercício, quase todos eles, convém lembrar, são repetentes, à exceção de um sueco, que promete ser dos melhores da turma. Nos muitos testes realizados, o técnico encontra várias respostas. As dúvidas e certezas, inseguranças e qualidades, tudo (ou quase tudo…) do que será este Sporting no futuro. E, no final, como em todos os exames, houve quem tivesse passado à primeira, outros a necessitar de uma reavaliação. Pois bem, será a esse exercício que iremos tentar responder de seguida, num teste diferente de anos anteriores.

SISTEMA TÁTICO

Visto positivo. O Sporting deixa o Algarve com um ADN que, não sendo novo, é diferente. Mantendo o anterior, o que celebrizou o técnico em Alvalade, mas, ao contrário do que aconteceu no passado recente, com um plano alternativo que (dependente dos resultados e das opções…) até pode passar a principal. Um igualmente dinâmico, com mobilidade, no qual os avançados - que custaram €36 M - assumem papel determinante. Gyokeres e Paulinho, lado a lado, levando à transformação de quase toda a equipa. Uma linha clássica de quatro defesas (facilmente passa a cinco com o recuo de um dos alas, mantendo a dinâmica defensiva), com dois médios centro (Morita e Pedro Gonçalves nos papéis principais) e dois extremos que se equilibram no jogo interior e de maior profundidade nos corredores. E aqui há muitas opções: Edwards, Trincão, Nuno Santos, Catamo, Afonso Moreira, Jovane…

NOVO 'VELHO' SISTEMA
Visto com interrogação. Se o 3x4x3 está perfeitamente identificado com todo o plantel, este também ganhou novas nuances. A saída de Ugarte ainda não foi colmatada e, mantendo esse modelo, a aposta (como se viu no duelo com o Genk) pode passar com a subida de Gonçalo Inácio. Central que ganha metros no campo (com um dos laterais a fechar a linha de três e que diante dos belgas foi Eduardo Quaresma) e que se junta a Morita, libertando Pedro Gonçalves para mais perto da baliza adversária. Uma experiência mais trabalhada, que exige maior preparação coletiva e que, para já, parece mais distante de uma consistência perfeita.

ONZE BASE

Visto positivo. Olhando para as escolhas dos quatro jogos de preparação no Algarve restam poucas dúvidas. Aquele que foi escolhido para defrontar a Real Sociedad (à exceção de Trincão que esteve em grande plano com o Genk) não deverá fugir muito ao que se estreará no primeiro jogo a doer da nova temporada, diante do Vizela. Com poucas experiências por fazer ou dúvidas por dissipar ter uma ideia clara do que será o futuro não deixa de ser positivo.        

O ÚNICO REFORÇO
Visto positivo. O Sporting gastou grande parte das fichas, leia-se, dos milhões disponíveis, na compra de um avançado. Viktor Gyokeres foi o escolhido e a aposta parece ganha. A avaliar pela primeira aparição ao vivo. Uma estreia, primeiro toque, primeiro golo. Melhor seria impossível. Mas além de mostrar essa eficácia também se destacou pelo poder de choque, muito forte, deixando água na boca aos adeptos leoninos que até já lhe dedicaram um cântico. E foi ele o impulsionador da nova matriz que Rúben Amorim pretende no seu modelo de jogo. Certeza? O Sporting tem muito mais soluções ofensivas com Gyokeres, Paulinho e… Chermiti que ganhou músculo e confirmou que não se irá encolher perante esta forte concorrência.

OS REGRESSADOS

Visto positivo. Na comitiva que trabalhou no Algarve nos últimos dias (30 jogadores) houve quem tivesse aproveitado bem a oportunidade. E aqui entram alguns que tentam ganhar uma espécie de segunda vida com o leão ao peito. E se Daniel Bragança não constitui grande surpresa, pois estão depositadas enormes esperanças no médio que esteve um ano parado devido a lesão, há também Eduardo Quaresma disposto a agarrar uma vaga após o empréstimo mal sucedido na Alemanha. O defesa, de 21 anos, esteve num nível positivo e ganhou pontos. Bem mais efusivo que Jovane, que somou escassa utilização nos jogos abertos e que, para já, parece ter a porta de saída aberta.

PEDRO GONÇALVES
Visto positivo. Trocou de camisola e as dúvidas adensaram-se. Seria para se fixar como novo 8 do leão, no centro do terreno? Para já, até porque são escassas as soluções, foi ali que apareceu. De forma muito positiva aliás. Sem perder a baliza adversária (sim, voltou a marcar…) e com um quase perfeito entendimento com Morita no miolo. Também há Essugo, Mateus Fernandes ou Daniel Bragança mas é ele que parte na linha da frente para ser solução neste setor.  

JOVENS E AS REVELAÇÕES

Visto positivo. Muito sangue novo em Lagos e margem de evolução. Mas com especial atenção em Afonso Moreira, talentoso e veloz extremo de apenas 18 anos, que abriu a porta a palcos maiores. Confirmou qualidades e diante do Genk (no qual foi titular) deixou muitas certezas para o técnico. Mais escondido pois ainda não foi testado num jogo à porta aberta esteve Geny Catamo que, para já, imagine-se, é o goleador da pré-época! Golos ao Marítimo, Farense e Portimonense, todos eles à porta fechada. Números que colocam o extremo moçambicano em grande plano. Assim como o jovem central João Muniz, também 18 anos, que respondeu de forma afirmativa à aposta de Amorim. Vai continuar a trabalhar na equipa principal, competindo nos bês e sub-23.

OS LESIONADOS
Visto negativo. Dois jogadores deixaram o Algarve sem minutos somados em jogo. E um deles, pelos piores motivos, acaba por ser… repetente: St. Juste. O central neerlandês, à imagem do que aconteceu na última pré-época, dá o pontapé de saída no departamento médico o que nunca é bom sinal. O mesmo aconteceu com Diomande, que regressou das férias com um síndrome febril e ainda procura adquirir o melhor ritmo. Não foi utilizado nos quatro jogos de preparação que a equipa fez em terras algarvias e ainda vai demorar alguns dias para apanhar um comboio que segue em ritmo muito acelerado.

CONDIÇÃO FÍSICA
Visto com interrogação. Rúben Amorim é um treinador exigente e não perdoa a ninguém nestes trabalhos de pré-época com intensas cargas físicas. E que foi bem visível no plano que foi idealizado com alguns treinos bidiários e dois jogos no mesmo dia. Dando assim, o máximo de minutos possíveis a cada jogador do plantel. Foram bem visíveis alguns sinais de cansaço (o que é normal…) esperando-se resultados positivos mais para a frente. Para já, atendendo ao momento e a esta fase, a equipa deu sinais muito positivos de uma rotação acima da média.