«Nos 4x100m estilos queremos fazer algo histórico para a natação portuguesa»

Natação «Nos 4x100m estilos queremos fazer algo histórico para a natação portuguesa»

NATAÇÃO16.07.202300:57

A oito dias de nadar num campeonato do mundo de piscina longa pela terceira vez, desta feita Miguel Nascimento, de 28 anos, irá surgir em Fukuoka (23 a 30 de julho) com um estatuto com que nunca se apresentara numa grande competição internacional: com mínimos A FINA para os Jogos de Paris-2024. Qualificação alcançada em março durante os Nacionais no Funchal ao registar 21,97s aos 50 livres.

«Sempre que vamos para um Mundial ou Europeu, mais importante do que qualquer marca é a classificação. O que é que esse tempo nos pode dar de imediato naquela competição. A minha mentalidade é a mesma, mas é obvio que desta vez estou mais descansado a nível pessoal, porèm, o foco, esse é igual ao de todo os anos, assim como a motivação. Tentar conseguir algo que ainda não alcancei: nadar à tarde [meias-finais e finais]».

«Esse é o meu foco principal para esta competição», garante o nadador do Benfica que, juntamente com os restantes sete elementos da Seleção - Diogo Ribeiro, Gabriel Lopes, João Costa, Ana Rodrigues, Camila Rebelo, Diana Durães e Tamila Holub - encontram-se a fazer um estágio de adaptação já no Japão, mas em Nagasaki. Cidade que já acolheu a equipa olímpica com o mesmo propósito antes dos Jogos de Tóquio.

Seleção recebeu a visita do governador de Nagasaki na piscina onde se tem treinado duas vezes por dia desde que chegou ao Japão

A par de Diogo (50 mariposa) e Gabriel (200 bruços) Miguel entrará em ação logo no primeiro dia do campeonato.No entanto, se no caso de Ribeiro trata-se de uma prova em que a luta é estar na final, detém o oitavo melhor tempo de inscrição, para Nascimento serve sobretudo para adquirir ritmo competitivo para os 50 livres, que serão cinco dias mais tarde.

«É muito bom poder abrir o Mundial nos 50 mariposa, prova que até tem impacto no crawl e serve para relaxar e, como se costuma dizer, retirar o pó. Vai ser para aproveitar e tentar fazer recorde pessoal [23,49], do qual já não nado perto desde o ano passado. Depois é disfrutar da competição. A competição irá estar a um bom nível e é isso que procuramos, competir com os melhores. É aí que queremos estar», diz.

E sabe em que lugar surge na start list dos 50 livres? «A start list não me interessa muito, o que conta é o que depois se faz. Até porque alguns nadadores surgem com tempos do ano passado, outros com deste ano... Aliás, quase sempre só vejo a lista quando entro em competição porque tenho de saber a série e a pista em que vou. O que interessa é realizar o melhor tempo. Essa é a parte mais difícil, mas também a mais saborosa», salienta.   

Mas, além de desejar chegar à meia-final [133 inscritos] e fazer máximo pessoal, quer chegue ou não às semifinais, qual o tempo que o deixaria satisfeito? «Não tenho uma marca especifica. Tenho um em mente, mas não gosto de o partilhar. Estou mais focado é no que posso fazer para nadar mais uma vez. No entanto, se conseguir esse tempo é obvio que estarei nas meias-finais», vai acrescentando e evitando falar em números concretos.

«Esta é a segunda competição mais forte do calendário, por isso também será uma espécie de treino competitivo para os Jogos, de maneira que ganhemos experiência e confiança e sirva para sentirmos o que devemos melhorar de forma a corrigir o que fizemos mal na época para termos cada vez menos com que nos preocupar com esses pormenores até chegarmos aos Jogos», vai contando o velocista casado com a já retirada olímpica, mas ainda recordista nacional Victoria Kaminskaya.

E o que é que a Victoria, que esteve em quatro Mundiais [de Barcelona-2013 a Gwangju-2019] lhe disse antes de sair de casa? «Não falámos muito sobre isso, mas esta viagem custa-nos um pouco aos dois», revela. «Só que ela sabe perfeitamente que vou porque tenho um objetivo e que não vou sozinho. Levo-as sempre comigo [no coração], refere já incluindo a filha Margarida.

«Por isso o objetivo é não ter vindo em vão. Três semanas fora de casa, com a minha filha a crescer… Esse tempo na vida de um bebé de 11 meses é quase uma vida», refere de sorriso rasgado. «Quero tentar tirar o maior proveito destes campeonatos e viagem, tanto a nível individual como com a estafeta [4x100 estilos masculinos], onde também ambicionamos fazer algo que possa ser histórico para a natação portuguesa.