Estádio Nacional vai ter nova cara. Resta saber quando…

Desporto Estádio Nacional vai ter nova cara. Resta saber quando…

NACIONAL14.07.202317:50

O protocolo assinado esta sexta-feira entre federações de futebol, atletismo e râguebi, autarquia de Oeiras e Governo vai permitir a reabilitação do Estádio Nacional, restando saber quando avançará o projeto que dará nova cara ao recinto inaugurado a 10 de junho de 1944 e que, portanto, celebrará o seu 80.º aniversário no próximo ano.

O ato protocolar teve como palco a imponente Tribuna de Honra do Jamor e, pelo meio de discursos que viajaram entre o passado, o presente e, sobretudo, o futuro, contou com a presença do primeiro-ministro António Costa, da ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares Ana Catarina Mendes, responsável também pela pasta do Desporto, do secretário de Estado da Juventude e do Desporto João Paulo Correia, do presidente da Câmara de Oeiras Isaltino Morais, dos presidentes do IPDJ (Instituto Português do Desporto e da Juventude), Vítor Pataco, e da DGPC (Direção Geral do Património Cultural), João Carlos Santos, além dos líderes das federações portuguesas de Futebol, Fernando Gomes, de Atletismo, Jorge Vieira, e de Râguebi, Carlos Amado da Silva.

O documento assinado estabelece os princípios e condições para a transformação do Estádio Nacional «num espaço capacitado para receber as principais competições nacionais e internacionais das três modalidades», como explicou a ministra Adjunta, ficando acordado que será lançado um concurso de ideias pelas federações, com os custos suportados por estas, tendo em vista a definição do projeto arquitetónico de reabilitação do recinto que, anualmente, recebe a final da Taça de Portugal, que, ocasionalmente, é palco de jogos da Seleção Nacional de râguebi e que, diariamente, é utilizado como plataforma de treino de centenas de atletas.

O IPDJ e a DGPC avaliarão, depois, as propostas «de modo a dar seguimento, através de ações concretas, às sugestões aí contidas», como se pode ler no documento entregue aos jornalistas, no qual é ainda destacado que «caberá à autarquia de Oeiras prestar toda a colaboração necessária à boa execução» do acordo assinado esta sexta-feira, cabendo «ao IPDJ e à DGPC fornecer todos os documentos necessários para o lançamento do concurso de ideias e prestar todo o auxílio no acesso ao local».

Reconhecendo a dimensão do projeto de reabilitação de um recinto como o Estádio Nacional, Ana Catarina Mendes sublinhou que «foi dado o primeiro passo de uma corrida com muitos obstáculos», ao passo que o primeiro-ministro António Costa destacou a necessidade de se perder o complexo que às vezes existe de modernizar edifícios históricos, recordando «a obra notável» feita no Palácio da Ajuda.

«Ora, se é possível fazer na Ajuda, como não será possível fazer no Estádio Nacional do Jamor? Seguramente, será possível e vai ser possível», começou por garantir o primeiro-ministro, continuando: «No conjunto do complexo desportivo do Jamor, ao longo destas décadas, têm sido vários os investimentos, mas houve um equipamento, estranhamente aquele que parece ser a joia da coroa deste complexo, que, por razões diversas, não acompanhou a revitalização e a modernização. Infelizmente, este estádio já não tem hoje condições para acolher certas provas internacionais. E é uma pena que não tenha. É uma pena para as modalidades, para a produção do desporto, para a competitividade do país.»

Costa acentuou ainda «a vontade geral» de fazer do Estádio Nacional um espaço contemporâneo. «Juntos vamos conseguir fazer deste estádio o que ele merece ser para celebrar os seus 80 anos, fazer dele um espaço contemporâneo, adaptado às realidades de hoje e que permita, com toda a segurança, vir a ser palco das mais relevantes provas desportivas», disse, concluindo: «Com o passar do tempo e apesar do investimento nas infraestruturas desportivas de Oeiras, o Estádio do Jamor não acompanhou a modernização do município. Ninguém quererá que este magnífico recinto se transforme numa ruína ou num museu ao ar livre. É uma obra emblemática do ponto de vista arquitetónico, mas é hora de proceder à sua revitalização, até como forma de prestarmos homenagem ao esforço que federações, atletas, clubes e famílias fazem pela promoção do desporto.»

António Costa, que encerrou a cerimónia protocolar, recordou também que o Jamor tem «o único estádio partilhado por todo o País e por todos os portugueses e que simboliza o conjunto de todas as modalidades desportivas». Um ângulo que também a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares abordou. «Este projeto que hoje nasce aqui vai permitir construir um futuro cada vez mais inclusivo para o Desporto, já que só ele consegue ser transversal a todos os setores da sociedade, derrubando barreiras e aproximando comunidades», disse Ana Catarina Mendes.

Jorge Vieira, responsável máximo da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), foi o porta-voz da «troika de federações», como o próprio lhe chamou, falando em nome dos três organismos que assinaram o protocolo. E focou o seu discurso na importância histórica do Jamor e na importância de dotar o recinto de condições de excelência. «Foi aqui que se disputaram inúmeras competições de futebol, atletismo e râguebi. Foi aqui também nesta pista que treinaram os nossos melhores campeões do desporto português e do atletismo, Carlos Lopes fez aqui praticamente toda a sua preparação antes da conquista olímpica no atletismo», declarou o presidente da FPA.

A abrir a sessão esteve Isaltino Morais, presidente da Câmara Municipal de Oeiras, que destacou a importância da FPF no protocolo, por conhecer «a capacidade de gestão da Federação Portuguesa de Futebol, instalada aqui ao lado [Cidade do Futebol]», sublinhando, ao mesmo tempo, que «esta é uma obra há muito tempo» desejada. «O município de Oeiras sempre esteve interessado na participação da reabilitação do complexo desportivo e é muito importante que se olhe para este complexo de forma diferente», concluiu o histórico edil.

Em suma, o processo de intenções está lançado, o protocolo de colaboração entre diversas entidades foi assinado e há, assim, fortes sinais de uma vontade coletiva de dar ao Estádio Nacional uma cara renovada e contemporânea. Resta saber... quando.