«Não vim de férias, vou viver aqui»

Emirados Árabes Unidos «Não vim de férias, vou viver aqui»

INTERNACIONAL10.07.202316:26

Paulo Bento foi ontem apresentado como novo selecionador dos Emirados Árabes Unidos, numa longa conferência de imprensa que terminou com aviso forte:

«Vou morar aqui, sim, a maior parte do tempo. Não vim de férias, vim para trabalhar.»

O objetivo é a qualificação para o Mundial-2026, teoricamente mais fácil que no passado, porque com o alargamento a 48 seleções as vagas asiáticas passaram de quatro para oito, mais uma num play-off intercontinental. Mas Paulo Bento deixou um alerta:

«O apuramento para o Mundial é um dos objetivos mas só aconteceu uma vez [aos Emirados Árabes Unidos], em 1990, não é fácil. Agora será um pouco diferente, percebo isso, mas é diferente para mais do que uma seleção, não apenas para nós. A janela que se abriu para nós em relação ao Mundial também está aberta para outras equipas.»

Para os Emirados a qualificação começa em novembro. Em outubro há um play-off com as 18 seleções asiáticas com pior ranking FIFA - a nova equipa de Paulo Bento, 72.ª classificada, é a oitava melhor do continente.

Depois, em janeiro, joga-se a Taça da Ásia, em que em 2015 os Emirados terminaram no 3.º lugar. E em 2019 caíram também nas meias-finais, mas não houve jogo para definir 3.º e 4.º classificados. «Sabemos o que a equipa conseguiu nas duas últimas competições. Pressão é algo que temos de aceitar, é parte deste desporto. E é bem-vinda. Sem pressão não é fácil trabalhar bem. É importante termos alguma, mas ao mesmo tempo temos de saber em que condições estamos, em que momento estamos», avisou Paulo Bento.

Não por acaso, foi várias vezes questionado sobre os insucessos recentes da seleção - na Taça do Golfo, no início do ano, perdeu com Bahrain e Koweit e empatou com o Catar, que levou a equipa sub-23: «Não seria um bom início se começássemos a comparar este momento com o passado recente. Não é justo falar do passado, do que outros colegas conseguiram ou não. O mais importante é pensarmos o que podemos fazer no futuro e como podemos fazê-lo.»

Para isso, Paulo Bento vai apoiar-se no currículo de oito anos e meio como selecionador - quatro à frente de Portugal, entre 2010 e 2014, e quatro e meio na Coreia do Sul, entre 2018 e 2022, pela qual defrontou os Emirados, na qualificação para o Mundial do Catar: «São experiências que podem ajudar-nos, tanto a de Portugal, que foi muito longa, como a da Coreia do Sul, que foi muito boa. Mas ao mesmo tempo temos de pensar que é um contexto diferente, em que temos de ter capacidade para nos adaptarmos. E fazer com que se adaptem à nossa estratégia, às nossas ideias, e construir a melhor equipa possível.»
Para que em 2026 os Emirados Árabes Unidos estejam pela segunda vez num Mundial.