Mbappé e a seleção apelam ao fim da violência após quarta noite de protestos e mais de mil detidos

França Mbappé e a seleção apelam ao fim da violência após quarta noite de protestos e mais de mil detidos

INTERNACIONAL01.07.202311:42

França viveu sexta-feira a quarta noite de turbulência nas ruas, desencadeada desde que foi revelada a morte de um jovem, baleado por um polícia dentro de um carro.

A polícia francesa efetuou mais de mil detenções só na noite de sexta-feira - 1311 em toda a França, de acordo com as autoridades - devido aos tumultos urbanos que entraram no quarto dia consecutivo, com centenas de edifícios vandalizados, lojas saqueadas ou carros queimados. O momento levou a que Kylian Mbappé, jogador do PSG e capitão da seleção nacional, emitisse um comunicado a apelar à calma, ele que já tinha comentado o caso (ver notícia relacionada), tal como Tchouaméni ou Koundé.

Os protestos começaram terça-feira após a morte de Nahel, 17 anos, abatido a tiro pela polícia por alegadamente não ter respeitado indicações dadas durante uma operação stop.

Segundo o Ministério do Interior, 79 polícias ficaram feridos, cerca de 1.350 veículos foram incendiados, 234 edifícios foram queimados ou danificados e foram registados na via pública cerca de 2.560 incêndios.

Em Nanterre, a cidade da região parisiense onde Nahel foi morto por um agente da polícia, a família prepara-se para o funeral do jovem e os jogadores da seleção nacional decidiram fazer um comunicado conjunto a apelar ao fim da violência.

Num comunicado de imprensa partilhado primeiro por Benjamin Pavard e depois por Kylian Mbappé, mas em nome de toda a seleção, os jogadores dizem-se «atingidos» e «chocados com a morte brutal» do adolescente de 17 anos, sublinhando que não podem «ficar insensíveis às circunstâncias em que ocorreu esta morte inaceitável», mas pedem que se acabe com os atos de violência urbana em múltiplas cidades francesas.

«Desde este trágico acontecimento, assistimos à expressão da ira popular em todo o país. Compreendemos a essência, mas a forma não podemos apoiar. Muitos de nós são oriundos de bairros populares, por isso partilhamos esse sentimento de dor e tristeza. Mas não gostamos de assistir impotentes a um processo de autodestruição. A violência não resolve nada, muito menos quando inevitavelmente se volta contra aqueles que a expressam, as suas famílias, parentes e vizinhos. São os vossos bairros, as vossas cidades, os vossos locais de lazer que ficam destruídos», apela-se

«Neste contexto de extrema destruição não podemos ficar calados e somos impelidos a apelar à calma e à tomada de consciencialização. A nossa vida em comum está em perigo e é nossa responsabilidade protegê-la. Há maneiras pacíficas e construtivas de expressão, devemos gastar energias nisso. O tempo da violência deve acabar e dar lugar ao luto, ao diálogo e à reconstrução», pede-se.     

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