Argentina Insólito: clubes aprovam em AG descerem 'só' dois e não três após 20 jornadas já jogadas!

O país atual campeão do Mundo de futebol acaba, na Assembleia Geral da Associação de Futebol da Argentina (AFA), que decorreu na madrugada desta sexta-feira, em Buenos Aires, de dar um passo atrás na prevista redução do número de clubes no principal escalão, ao mudar as regras do jogo do principal campeonato, em curso (2023) e com já 20 e 21 jogos cumpridos por todos os emblemas: em dez dos inicialmente previstos três clubes a descer à segunda divisão em 2024, só dois serão despromovidos, de entre a elite de 28 clubes na liga das ‘pampas’.

Se a direção da AFA (federação argentina), liderada por Claudio ‘Chiqui’ Tapia’, necessitava da aprovação de três quartos dos delegados dos clubes presentes no conclave magno – e soberano – para aprovar a mudança das regras do jogo com a época já quase a meio, os 75 por cento de votos e a contestação inicial de alguns clubes à medida foi ultrapassada e teve adesão total: 100 por cento de votos a favor, unanimidade de votos para que desçam à segunda divisão, em 2024, apenas dois clubes, e não os três inicialmente previstos.

De acordo com o modelo e vigor a partir deste dia 23, no final do ano (e da época) serão despromovidos à segunda divisão – que já conta com… 38 (!) clubes – dois emblemas: o 28.ª e último da classificação, mais o último dos denominados ‘promédia’, o ranking das três últimas edições do campeonato argentino. No modelo com que todos iniciaram a prova neste 2023, desceria o 28.º e último da classificação final da liga mais os dois piores clubes do ranking ‘promédia’. E a primeira divisão teria 27 clubes em 2024 e não os atuais 28… número que se repetirá em 2024.

A medida obrigou ainda à aprovação da supressão do artigo 91.º dos Estatutos da AFA, onde se lia que a gradual redução do número de clubes projetada nas ‘pampas’ deveria ter como corolário, em 2029 - ou seja, dentro de seis anos – ‘apenas’ 22 clubes no escalão maior do futebol dos campeões do Mundo de 1978, 1986 e 2022, esclarece o diário La Nacion.

E o famigerado artigo foi mesmo ‘varrido’ do documento magno, também com unanimidade de votos dos delegados dos clubes na AG, onde ficou desde já assente que a segunda divisão continuará com 38 clubes em 2024.

Fonte oficial da AFA justificou a insólita medida ao jornal de Buenos Aires apontando para a FIFA e o progressivo alargamento do número de seleções presentes nas fases finais dos Campeonatos do Mundo, e para o facto de também a confederação continental sul-americana, a Conmebol, ter, da mesma forma, cada vez mais e mais emblemas a disputar as suas provas de clubes (Copa Sul-Americana e Copa Libertadores da América).

Tão pouco o mudar as regras do jogo (leia-se campeonato) a meio do mesmo - com 20 jornadas disputadas, 21 já para alguns clubes – levou a AFA e clubes a voltarem atrás. O facto de o campeonato argentino «ainda nem ir a 50 por cento da temporada» foi apontado à imprensa local por fonte oficial da AFA como argumento para «nada afetar ou influenciar classificações, isso só sucederia se as mudanças fossem já após o final da liga terminada».

O Arsenal de Sarandi tem, dos 28 clubes, o pior ranking ‘promédia’, seguido de perto nesta indesejável tabela pelo Instituto (Córdoba), Platense, Sarmiento e Banfield – respetivamente, e por esta ordem -, clubes também em risco de despromoção.

Razão? É que o mesmo Arsenal de Sarandi é o 28.º e atual último do campeonato argentino de 2023, com 17 pontos, e mandam as regras que se coincidirem, será o penúltimo do ranking ‘promédia’ também a ser despromovido à segunda divisão, caso o Arsenal de Sarandi termine mesmo a edição deste ano em 28.º.

Mas na liga das ‘pampas’ de 2023, há outros clubes da cauda da tabela que ainda arriscam terminar com a ‘lanterna vermelha’: Banfield, Huracán e Vélez Sarsfield somam 18 pontos - apenas mais um do que o Arsenal de Sarandi -, enquanto Union Santa Fé (20 pontos), Atlético Tucumán (21 pontos) e Independiente (21 pontos) também não estão ainda livres de perigo de despromoção… mas certamente agradecerão só descerem, afinal, dois, e não três clubes, como definia o figurino no início da época.