Pedro Proença dá murro na mesa: «Os clubes portugueses fazem verdadeiros milagres»

Liga Pedro Proença dá murro na mesa: «Os clubes portugueses fazem verdadeiros milagres»

NACIONAL02.09.202320:58

O presidente da Liga Portugal, Pedro Proença, deixou este sábado uma mensagem a elogiar o facto de o nosso país ter três representantes na Liga dos Campeões: Benfica, FC Porto e SC Braga. 

«Porque não podemos, se quisermos fazer uma análise série e honesta, apontar os defeitos quando as coisas correm mal sem destacar as virtudes nos momentos em as coisas correm bem», vica, distribuindo méritos mas também dando uj murro na mesa em relação ao que considera ser a falta de apoio e o tratamento desigual ao futebol profissional.

Mensagem do Presidente da Liga Portugal


«Pela primeira vez na história, Portugal tem pela terceira época consecutiva três clubes na fase de grupos da Liga dos Campeões! É, numa altura em que tanto se fala da competitividade do Futebol Português, um dado que importa destacar. Porque assume, na verdade, relevância superlativa. Porque não podemos, se quisermos fazer uma análise série e honesta, apontar os defeitos quando as coisas correm mal sem destacar as virtudes nos momentos em as coisas correm bem.

E as últimas épocas têm, no que às presenças na Champions diz respeito, corrido bem.

Por mérito, acima de tudo, dos Clubes, que conseguem encontrar formas de competirem de igual para igual – como se tem visto nas últimas épocas – com os maiores clubes europeus.

Por mérito, também, da união demonstrada pelo Futebol Profissional em torno da Liga Portugal, que nos permitiu, por exemplo, aprovar em sede regulamentar condicionantes nos sorteios que visam, precisamente, proteger as equipas portuguesas que competem nas provas europeias. Ou adiar o Moreirense-SC Braga, da 3.ª jornada, permitindo que o SC Braga preparasse da melhor forma o jogo da segunda mão do play-off de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões. São, todas, medidas que, não sendo porventura decisivas, contribuem para a decisão…

Sim, os Clubes Portugueses fazem verdadeiros milagres.

Mas, se quisermos fazer uma análise verdadeiramente séria e honesta, temos (TODOS) de reconhecer que nem tudo é perfeito. Porque não é. Não podemos, por exemplo, esconder o facto de as nossas equipas médias não conseguirem ser tão competitivas a nível internacional, o que – nunca é demais reforçar – acaba por prejudicar todas as outras, como infelizmente percebemos na última época com a perda de um lugar no Ranking UEFA.

A Centralização dos Direitos Audiovisuais contribuirá, não temos disso dúvidas, para aumentar a competitividade, a nível nacional e internacional, do Futebol Português. No seu todo. Os Clubes - todos os clubes - têm disso noção e estão, em conjunto, a trabalhar para que esse processo (que já vem tarde!) seja uma realidade até 2028. É, além de necessário, irreversível. Ninguém dele sairá a perder, é uma garantia que todos têm. E o Futebol Português ficará, indubitavelmente, a ganhar. Que é, no fundo, o que todos queremos.

Mas não podemos, por muita importância que a Centralização dos Direitos Audiovisuais assuma, olhar para este processo como a única panaceia para aumentar a competitividade internacional dos nossos clubes. É preciso um olhar mais abrangente. É preciso que todos tenham noção das enormes desigualdades que as nossas equipas tantas vezes brilhantemente disfarçam quando enfrentam adversários internacionais. Adversários a quem são dadas melhores condições para reterem e contratarem talento (muitas vezes o nosso Talento, que temos dificuldade em reter…), para formarem equipas mais fortes, para serem, no fundo, mais competitivas.

Temos, pois, de voltar a colocar, urgentemente, o tema dos custos de contexto inerentes à atividade do Futebol em cima da mesa. É inevitável.

Não podemos ser para sempre uma indústria marginalizada face a outras, que têm muito menos peso na Economia!

Não podemos ter para sempre os clubes que maior carga fiscal (IVA, IRS, IRC…) suportam quando comparados com aqueles com quem temos de competir a nível internacional!

Não podemos ser para sempre os clubes com maior carga orçamental para garantir o cumprimento das obrigações relacionadas com seguros!

Não podemos continuar a permitir que exijam aos nossos Clubes que sejam internacionalmente competitivos sem que lhes sejam dadas as mesmas condições que são dadas àqueles com que têm de competir!

Não podemos encolher os ombros perante um sistema de pontuação desajustado, que permite que um país que faça 75 por cento dos seus pontos na Liga dos Campeões perca uma posição no Ranking da UEFA para outro que garantiu 85 por cento da pontuação na Liga Europa e Liga Conferência – como se todas as provas pudessem valer o mesmo…

E não podemos, acima de tudo, continuar a assistir a todas estas injustiças em silêncio!

É hora de todos nos unirmos e fazermos algo pelo Futebol. Porque falar e apontar os problemas não chega. É preciso agir para resolvê-los.

A Liga Portugal continuará a fazer a sua parte. E chamará todos aqueles que têm responsabilidade para nos ajudarem num desígnio que tem de ser comum.

Com seriedade. Com ambição. Com compromisso. Por um Futebol Português mais forte.