Entrevista A BOLA a Diogo Leite, parte II: «Entrámos para o aquecimento e o estádio já estava cheio, não se vê muito em Portugal» (vídeo)

Alemanha Entrevista A BOLA a Diogo Leite, parte II: «Entrámos para o aquecimento e o estádio já estava cheio, não se vê muito em Portugal» (vídeo)

INTERNACIONAL22.08.202310:30

- Depois de FC Porto e SC Braga, muda-se para a Bundesliga, como apareceu o Union Berlim na sua vida?
- Sempre tive um carinho especial pela Bundesliga, sempre gostei e sempre acompanhei a liga alemã. A competitividade e a qualidade dos jogos. Quando apareceu o Union nem tive de pensar muito na situação, pelo projeto que me ofereceram e perante a forma como o clube lidou comigo não tive muita dificuldade em escolher.

-  O processo parece aparentemente simples. Começou por jogar um ano de empréstimo, agora culmina com contratação por €7,5 milhões. Foi assim tão fácil?
- Sim, o clube já me acompanhava há algum tempo e decidiram que seria importante para o clube. Senti imediatamente a confiança que depositaram em mim, que seria um peça importante para o clube. E antes de vir tive a oportunidade de ver vários vídeos do clube, dos adeptos do Union, da ligação que têm à equipa e foi também uma decisão tomada em função disso.

- Berlim é cidade fantástica, concorda?
- Cidade grande, uma cidade muito turística, muito viva, não foi uma decisão difícil para mim. Por tudo, aliás. Pelo clube que é. Senti que tinha capacidade para afirmar-me na liga alemã, na Bundesliga, e senti o carinho da parte deles, foi fácil e foi a decisão mais acertada.

- De repente, na temporada passada deu por si no comando da Bundesliga, à frente do Bayern…
- Foi uma época fantástica, em termos coletivos e individuais. O primeiro jogo foi um dérbi contra o Hertha e arrepiei-me. Quando entrámos para o aquecimento já o estádio estava completamente cheio. É algo que não se vê tanto em Portugal. Foi especial para mim. Ganhámos e começámos muito bem. É uma liga muito competitiva e se não estás a 100 por cento em cada jogo podes perder com qualquer equipa. Começámos muito bem e ainda ficámos muito tempo em primeiro lugar. Conseguimos aguentar bastante tempo e ainda conseguimos ser, a par do Bayern, a equipa com menos golos sofridos e com mais jogos sem sofrer golos. É preciso marcar golos para ganhar jogos, mas mostra que o trabalho defensivo também lá está. E no final conseguimos a classificação [4.º lugar] para a Liga dos Campeões, a primeira vez para o clube. Sentiu-se nesta pré-temporada a ligação dos adeptos com a equipa, ainda agora batemos recorde de assistências na pré-época em três ou quatro jogos que fizemos. É fantástico para o clube e para os jogadores. Adaptei-me mais facilmente do que esperava.


- Já pensou nas equipas que gostaria de apanhar na fase de grupos da Liga dos Campeões?
- Qualquer adversário vai ser seguramente uma grande equipa, não pensei ainda nisso, estamos no pote 4 e iremos apanhar equipas de excelência. Nesta competição qualquer equipa é sempre difícil, será sempre jogo competitivo, as melhores equipas estão lá, os melhores jogadores estão lá. É sempre bom para qualquer jogador e também para o clube, que é a primeira vez que está na Liga dos Campeões. É especial. Vai ser muito bom para nós e para os adeptos e estamos ansiosos por conhecer os adversários.

- Na época de estreia na Bundesliga estava, de repente, a marcar jogadores como Mané, Sané, Gnabry, Nkunku... Alguns dos melhores avançados da Europa estão, ou estavam, na Bundesliga.
- Sem dúvida, qualquer equipa tem um avançado com muita qualidade, físico, possante, bom com bola. É muito importante estar a 100 por cento em cada jogo, também me ajudou muito na época passada jogar contra grandes equipas e grandes avançados. Fez-me crescer muito e, sim, é mais-valia para mim, este tipo de dificuldades a cada jogo dá nível e obriga a estar 100 por cento concentrado. Costumo ver os lances do avançado que vou defrontar, o clube também nos dá isso e é muito importante para mim, para ver como o avançado se comporta, a maior parte dos movimentos que faz durante o jogo. Ajuda e procuro ver isso antes dos jogos.

- Diogo Leite tem uma característica que o torna extremamente raro e valorizado no futebol atual, é um central que joga com o pé esquerdo.
- Sim, sem dúvida, é mais-valia. É mais fácil encontrar um central que jogue com o pé direito do que um central que jogue com o pé esquerdo. Eu tenho essa mais-valia de ser esquerdino e ter a oportunidade de estar a jogar na posição correta, que é central esquerdo, com pé esquerdo, que é sempre mais fácil do que estar um destro na posição. Eu próprio tenho essa característica de conseguir sair a jogar a partir de trás, de fazer com que a equipa chegue bem à frente com essa construção. E tento sempre que seja uma construção limpa, com um bom passe, ou uma linha de passe, vertical, pelo ar... São mais-valias ser esquerdino e ter essa característica de sair a jogar.

- Ainda lhe falta fazer uma coisa: um golo na Bundesliga.
- Sem dúvida, sem dúvida. O aspeto mais importante para um central é defender bem, mas marcar golos também é importante e é algo de que tenho andado à procura. Espero trabalhar também isso esta época, treinar-me e evoluir para ter mais eficácia também na parte ofensiva, nos cantos. Espero que o primeiro golo seja esta época.

Veja o vídeo: