Trubin tem qualidade para as águias? Quem o conhece assina em branco

Benfica Trubin tem qualidade para as águias? Quem o conhece assina em branco

NACIONAL12.08.202320:07

Nuno Campos, treinador de 48 anos, era adjunto de Paulo Fonseca no Shakhtar Donestsk quando, em 2018/2019, Anatoliy Trubin, com somente 17 anos, impressionou de tal maneira que levou a equipa técnica portuguesa a subir o guarda-redes ao plantel principal dos ucranianos.

«É um jovem com enorme talento, muito potencial e que a equipa técnica, mal tomou conhecimento da sua qualidade, pediu para que subisse. É um guarda-redes muito frio, com bom jogo de pés, em termos físicos é muito atlético e apesar de ser muito alto é muito coordenado; também é muito forte entre e fora dos postes, o Benfica fez uma grande contratação para o futuro», projeta Nuno Campos, em conversa com A BOLA.

Mas Trubin é apenas um jogador de futuro? «Tem todas as condições para jogar neste momento no Benfica, mas é importante haver adaptação. Ele já tem experiência, apesar dos 22 anos, mesmo de Liga dos Campeões, mas um tempo de adaptação vai ajudar a que possa singrar mais facilmente, tem uma capacidade e um talento enormes, mas é importante saber o momento certo de o lançar», alerta o treinador.

Com 1,99 m, poderá parecer estranho que o ucraniano jogue bem com os pés. Mas Nuno Campos garante que joga e apresenta argumento que sustenta a sua opinião: «Houve com ele um trabalho de muitos anos, as equipas connosco saiam a jogar de forma mais curta, de forma mais associativa, depois com o Luís [Castro, treinador luso que sucedeu a Paulo Fonseca no Shakhtar] também, de modo que foi feito com ele um trabalho nesse sentido, com o Toni [António Ferreira], que era nosso treinador de guarda-redes. Isso levou a que fossem corrigidas algumas deficiências que ele tinha e foi potenciado o jogo curto dele. às vezes não é que os guarda-redes não saibam sair a jogar com os pés, não sabem é lidar com a pressão de não poderem perder a bola e há treinadores que preferem nem correr esse risco, outros pedem mais risco.»

De igual forma, a altura, defende o técnico português, também não representa obstáculo para a capacidade técnica de Trubin.

«Apesar da altura ele é realmente muito coordenado, é uma a escola, a de Leste, que trabalha muito a coordenação. Não tenho dúvida de que o Benfica o foi buscar para ter dois guarda-redes de grande nível e isso significa que qualquer um dos dois estará apto para jogar em qualquer altura», frisa Nuno Campos, recordando, mais uma vez, características que se destacaram em Trubin quando o conheceu: «A complexão física, tão imponente já com aquela idade, chamou logo a atenção, depois a frieza, era mentalmente muito forte, conseguiu estar num plantel sénior sem problema. Depois foi trabalhar, o talento sempre esteve lá. Jogou pouco connosco, mais um pouco com o Luís Castro. Teve um trajeto importante, já com a experiência de Liga dos Campeões, mas foi sempre super-humilde, sabe algumas palavras em português e está sempre pronto a ouvir e a aprender com os outros.»

Nuno Campos considera, pois, que o Benfica fez «uma grande contratação», ele que por enquanto observa de fora a temporada de 2023/24 — está sem treinar desde que saiu do comando do Tondela, em 2021/2022.

«Estou a concluir o UEFA Pro, que termina em outubro; surgiram algumas oportunidades muito boas, mas para as quais não pude avançar porque estava a concluir o curso, outras que fui tendo para começar já a trabalhar, mas não achei interessantes, o suficiente... uma coisa levou a outra e decidi esperar. Mas estou pronto para, aqui ou no estrangeiro, entrar em projetos para valorizar jogadores e equipas, foi sempre isso que pretendi ao longo de 20 anos de carreira. Gosto de fazer melhores os jogadores, que possam sair para clubes melhores, gosto de proporcionar isso, de ser um treinador mais formador, o que requer mais algum tempo para ensinar, explicar tarefas. E tempo foi coisa que nunca tive. Mas penso que esse valor acrescentado sempre me foi reconhecido por onde passei. Procuro um projeto que me dê tempo para valorizar ativos, é disso que gosto», sustenta Nuno Campos.