Vitórias à FC Porto

OPINIÃO16.11.201803:07

Esta equipa do FC Porto ainda está longe de chegar à Índia, mas com estas três vitórias (Marítimo, Lokomotiv e Braga) passou o Bojador. E foi mesmo preciso passar além da dor. Foram jogos difíceis, pontos conquistados à custa de muito trabalho, muita garra e muita vontade de ganhar. Vitórias à FC Porto. Vitórias que só quem tem o brasão abençoado ao peito consegue alcançar.

O jogo contra o Braga foi particularmente difícil.

Em primeiro lugar, a equipa vinha de um daqueles jogos que deixa mossa, terreno pesado, muita chuva, adversário agressivo. E notou-se bem - particularmente no início da segunda parte -que o esforço de terça-feira nos pesava nas pernas. Claro que o campeão russo era acessível, inacessíveis são o colosso Basileia ou o imberbe Ajax.

Depois, estávamos a jogar contra a equipa que a seguir ao FC Porto melhor futebol pratica. Aliás, o Braga tem uma qualidade de plantel bastante superior ao do Sporting - que só uma gigantesca operação patrocinada pelos senhores árbitros, que tem tanto de solidária como de vergonhosa, permite que o clube não esteja a meio da tabela -e a capacidade do treinador arsenalista consegue desequilibrar a balança em favor do Braga em relação ao Benfica, mesmo tendo os da Luz um dos melhores plantéis (pelo menos, dos mais caros) dos últimos trinta anos. Não gosto da pose do Abel, mas que está ali um belíssimo treinador não há dúvida. Tivesse o Braga um plantel mais profundo e uma camisola habituada a ganhar e poderia ser um caso ainda mais sério.

Em terceiro lugar, não me pareceu que o FC Porto tivesse entrado com a tática certa. Logo no primeiro quarto de hora ficou claro que nos faltava um elemento no meio campo. Apesar de as duas equipas jogarem no mesmo esquema, o Braga conseguia superioridade no meio-campo.  A favor desta minha convicção vem o facto de a equipa ter tido a melhor prestação quando jogou com três no meio campo e mesmo numa altura em que o cansaço ainda mais era mais evidente.

Mas, lá está, uma equipa que entra em campo com uma vontade férrea de vencer, que tem um treinador ambicioso e corajoso e que não tem vergonha de corrigir os erros está sempre muito mais próxima da vitória. E, há que ser justo, houve um sentimento de justiça naquela finta do genial ‘Tavinho’ e naquele cabeceamento à ponta de lança do Soares - o rapaz não está em forma mas não desarma e a verdade é que tem jeito para golos decisivos.

Agora só temos um jogo para o campeonato nacional dia 2 de Dezembro. Teremos que gramar a estucha dos jogos da seleção. Futebol a sério só dia 24.

A única forma de equilibrar o campeonato

NÃO se pode olhar para o que aconteceu no último fim de semana e encolher os ombros. No jogo Sporting-Chaves assistiu-se a uma arbitragem absolutamente escandalosa. Não há outra forma de colocar a questão: Tiago Martins e Manuel Oliveira ofereceram a vitória aos de Alvalade. Uma expulsão de um flaviense que só um rigor desmesurado daria a exibição de um cartão amarelo e um penalty que, com certeza, fez corar de vergonha os mais apaixonados sportinguistas.

Em Tondela, João Pinheiro confundiu um gesto inocente com uma agressão e desequilibrou um jogo que, mesmo assim, só com muita sorte o Benfica conseguiu vencer.

Mas não há duas sem três. Na primeira parte do jogo FC Porto - Sporting de Braga , Artur Soares Dias não viu - nem o VAR - um penalty claríssimo a favor do meu clube.

Eu bem sei que a evidente superioridade do FC Porto, só contrariada pelo Braga, incomoda. Não desconheço que não convém aos poderes estabelecidos que equipas que se dão ao luxo de gastar por ano cerca de 20 milhões de euros só em pontas de lança e que dão um triste espetáculo nas provas europeias precisem de estar vivas no campeonato. Também não ignoro que a situação do Sporting pode apelar à caridade. Será tudo verdade, mas os jogos são para ser ganhos dentro do campo, mostrando valor e competência.

Confesso que o que vi nos jogos deste fim de semana me deixaram muito preocupado com o que pode ser o futuro próximo.

Os pontapés que se dá a quem está no chão e o jeitaço que está a dar a alguns

UM dos passatempos nacionais que mais desprezo é o pontapé a quem está no chão sem qualquer hipótese de se defender.

Fui insultado nas páginas deste jornal por Bruno de Carvalho, fui processado por ele e fui alvo dos seus cães de fila - agora, quase todos fingem que nunca gostaram dele. Nunca duvidei do que ele iria fazer ao Sporting e basta consultar o que neste espaço escrevi para que ninguém tenha dúvidas do que sempre pensei e penso dele.

Tudo isso não me impede, pelo contrário, de dizer que estou enojado com tudo o que se está a passar ao redor do caso. 

Não é que o que se está a passar com Bruno de Carvalho não tenha acontecido com outros, mas não deixa de ser uma pouca-vergonha.

Meter um homem na cadeia para o interrogar passados quatro dias e depois libertá-lo é um abuso sem qualquer justificação, como não se percebe para que é que se vai prender alguém que não anda escondido quando muito simplesmente se podia mandá-lo comparecer no tribunal; é de uma pulhice sem nome pespegar-se a medicação de um homem nas páginas de jornais; e, eis o cúmulo do ridículo, as acusações de terrorismo têm tanto de patéticas como de absurdas. Eu sei que os tempos que correm são propícios aos justiceiros de pacotilha, mas um Estado de Direito define-se em larga medida na forma como garante os direitos de quem está sob a alçada da Justiça.

Depois, o tal circo mediático é insuportável. Horas sem fim de pontapés ao infeliz que está no chão, um disco riscado com os mesmos argumentos, discursos redondos e ignorantes sobre claques. Um espetáculo vergonhoso, uma coisa ao nível daquela que o Bruno de Carvalho nos costumava servir.

No entretanto, a Justiça já acusou a SAD do Benfica e o braço direito e esquerdo de Luís Filipe Vieira de crimes como corrupção, peculato, etc, etc... Uma acusação de interferência com o funcionamento de um órgão de soberania está transformada pela maioria da comunicação social como assunto de lana-caprina. A estadia de Bruno de Carvalho num tribunal dá para horas sem fim de debates, uma acusação como a que a SAD do Benfica foi alvo gasta-se em meia dúzia de minutos. O presidente do Benfica continua a encontrar-se com Paulo Gonçalves como se fosse a coisa mais natural do mundo e isso não faz tugir nem mugir os habituais moralistas da nossa praça.

Tudo isto devia-nos, como comunidade, fazer corar de vergonha.