Vitória cheia de ‘mas’…
Longínquos, felizmente, os tempos em que o futebol português - Seleção e clubes - somava desaires a fio, mas, jogando supostamente benzinho, quase se orgulhava de vitórias morais… Ontem, aconteceu o oposto: em Moscovo, perante Marrocos, Portugal arrancou, apetece dizer que a ferros, vitória quase imoral…
Óbvio: venha de lá o bem menor dos males… Porém… Fernando Santos afirmara que, para vencer Marrocos, a nossa Seleção teria de jogar muito melhor do que o fez frente à Espanha. Ora a verdade é esta: ganhou jogando muito pior do que no precioso 3-3 com forte candidata a campeã mundial. Por isso, e só por isso - embora Marrocos possua bons e experientes jogadores, espalhados por essa Europa fora, e tenha dado o litro na premente necessidade de vencer -, devido à própria inépcia, a nossa equipa tanto sofreu, hora e meia!, para manter a vantagem do golo de Ronaldo logo aos 4 minutos. Repetição de golo português mal o jogo começara… nada inspirou, ou sequer tranquilizou. Este foi o triunfo da cabeçada de Ronaldo para o seu 4.º golo neste Mundial (!) e de fabulosa defesa de Rui Patrício. Porque o resto ficou-se por fraquíssima qualidade, mal camuflada por capacidade de sofrimento.
Mau meio campo. Defesa amiúde à nora (em boa parte, consequência do que se passava à sua frente). Ataque reduzido a quase nada. Tanto, mas tanto!, exigindo drástica mudança!
Meio campo: o macroproblema. Atleticamente débil (ai se a exceção William Carvalho se lesiona!), sem vigor, incapaz de manter posse da bola, sempre atropelado pelo ímpeto dos adversários, recuou, recuou, recuou, ficando a léguas de controlar o jogo - quanto mais de impor saídas atacantes. Bernardo Silva e João Mário, nos flancos da linha média, defendendo mal e atacando… nada.
Defesa: Pepe (35 anos) e José Fonte (34) vão-se aguentando… se não chamados a grandes testes de velocidade. Buracão houve na esquerda: Raphael Guerreiro sempre atacou muito melhor do que defendeu; acresce ter estado quase toda a época sem jogar, ter ontem apanhado diabo marroquino pelo seu flanco e nunca ter tido apoio do médio à sua frente (clamoroso falhanço de João Mário, amorfo e taticamente aos papéis).
A meio da 1.ª parte, Fernando Santos tentou resolver dois problemões: esse, do vazio na tão necessária proteção a Guerreiro (Guedes mudou-se de ponta de lança para ala esquerdo), e o de nenhum médio pegar na bola rumo a ofensivas (João Mário transferido para zona central entre William-Moutinho e Ronaldo). Em vão!
Ataque: sem bola, não há ataque! Pontas de lança fáceis presas porque mais ninguém chegava à frente e ninguém lá colocava a bola em boas condições. Muitos metros nesse buracão!
Energia, mental e física. Adquiri-la é imprescindível SOS na nossa equipa! Sim, urgente, pois o Irão de Carlos Queiroz confirmou, frente a Espanha, fortíssima mentalidade, firme consistência global e até avançados nada desprezíveis.
Alterações no nosso onze? Se Bernardo, Moutinho e João Mário, tecnicamente bons, não conseguem alto ritmo para posse da bola (enormidade de passes falhados!) e dinâmicas de contra-ataque, como resolver tão grave problema no meio campo? Alternativas ontem lançadas na ponta final nada adiantaram: Gelson, Bruno Fernandes, Adrien (este, jogando 5 minutos, falhou 4 fáceis passes e viu cartão amarelo!). Só Manuel Fernandes falta lançar. Gostaria de ver Bruno Fernandes de início e no seu lugar: médio mais solto ofensivamente pela zona central.
Dia 23! Enfim, depois de amanhã, dia D sportinguista: AG absolutamente decisiva para traçar o próximo futuro do clube e da sua SAD de futebol! Chocante ter havido necessidade de Tribunal para impor legalidade que BdC, os 6 acólitos que lhe restam na Direção e mais 3 ou 4 tristes figuras erguidas em bicos dos pés (vide pseudo substituta do presidente da AG) tanto, e com tão degradante insistência, se esforçaram por atropelar!
Agora, finalmente, o que se impõe: palavra aos sócios. Afinal, é tão simples…