Vieira acima de todos

OPINIÃO21.05.201904:00

Na edição da noite do último domingo, em A BOLA TV, com liberdade total para os intervenientes se expressarem em absoluto respeito pela opinião alheia, sem necessidade de vocábulos dispensáveis, despropositados ou deselegantes, que se vão tornando corriqueiros um pouco por todo o lado, o tema obrigatório foi a eleição do principal responsável pelo sucesso futebolístico do Benfica.
O treinador Bruno Lage recebeu os aplausos, pela grande conquista alcançada, pelos resultados que lhe deram vida e ainda por uma vastidão de motivos que ajudarão a preencher os espaços de debate durante o próximo defeso. Houve unanimidade, mas, sem querer circular em contramão em relação ao Diogo Luís e ao Júlio António,  os meus companheiros de animada conversa, gostaria de fazer um ligeiro desvio argumentativo de forma a ligar a importância deste  título para o emblema da águia à preocupação com que o seu principal rival o encara por lhe ver associado o perigo  de uma alteração hegemónica no espaço nacional.


Há um ano, o Benfica falhou o penta porque Rui Vitória não se apercebeu do que verdadeiramente estava em jogo, respaldando-se nos dois campeonatos que inscrevera no currículo para desculpar a perda do terceiro, como se fosse uma situação normal.  Na altura, agradeceu o presidente portista por lhe terem sugerido o mote com que abrilhantou as suas intervenções, sabiamente aproveitadas  para exultar a proeza do dragão com «um título que valeu por cinco».

OBenfica falhou o penta, mas não pode falhar o projeto, razão pela qual a  Reconquista se transformou em objetivo inadiável, apesar de Vitória continuar mal sintonizado com a realidade. Por isso, a relação acabou em separação mais ou menos amigável, sem nenhuma surpresa, independentemente da data em que foi tomada.  


Creio que pouco importará aos adeptos benfiquistas saber o lugar que Bruno Lage ocupava na lista de preferências. Se o presidente diz  que era o primeiro é porque era, acrescento eu, mas ninguém fica obrigado a acreditar, a duvidar ou, até, a desmentir se se considerar dono de alguma verdade alternativa. Sinceramente, penso que o caso é de fraco significado, a não ser para os colecionadores de enigmas, porque o que quer que fosse que Luís Filipe Vieira tivesse em mente é inquestionável  que decidiu bem, no sentido de vingar o espírito da reconquista e de manter em passo firme e acelerado a tomada do futuro. Porque o presente está assegurado.


Este pode ter sido o campeonato que abriu as portas da mudança e o principal emblema oponente agitou-se em estratagemas comunicacionais e na procura de aliados para tentar travar o percurso benfiquista. Esforçou-se e denunciou-se, porém, na medida em que, depois do que se passou nas últimas duas ou três semanas,  só ainda não identificou o local de onde  brota a intriga quem não tiver cabeça para pensar ou…  olhos para ver.

Presidente, treinador, claquista e associados, poderia ser esta o designação de uma sociedade virtual com sede na cidade do Porto e sucursal em Lisboa, que, em segunda época, não se poupou a esforços no sentido de promover uma campanha agreste não contra a instituição Benfica de forma vaga, mas sim contra ao seu presidente de forma concreta, por verem nele o pilar principal do edifício encarnado e a trave mestra da estrutura profissional. A garantia de estabilidade. E foi assim que tudo valeu e tudo se permitiu em obediência a um conluio gigantesco que visou, por todos os meios, iludir as evidências e transferir as culpas para os árbitros. O costume, há décadas, e, para espanto meu, com tanta gente prestimosa, como a que enche as feiras e os  mercados nesta desinteressante campanha para as europeias a troco de bonés, bandeirinhas e esferográficas. Sejamos claros:


- quem marcou mais de 100 golos no total e marcou mais 29 do que o FC Porto, mais 31 do que o Sporting e mais 47 do que o SC Braga merece ser campeão;


- quem venceu em casa e fora  o FC Porto (seis pontos a zero),  quem empatou em casa  e venceu fora o Sporting e quem ganhou em casa e fora ao SC Braga merece ser campeão;


- quem, nos jogos fora, marcou dois golos ao FC Porto, quatro ao Sporting e quatro ao SC Braga merece ser campeão;


- quem venceu todos os encontros realizados fora na segunda volta, com uma média de golos superior a três por jogo, merece ser campeão;
- quem (Bruno Lage), no total de 19 jogos como treinador principal, venceu 18 e empatou um, merece ser campeão.


- quem tem resultados para apresentar, arrebatadoramente esclarecedores de uma supremacia e de uma qualidade inquestionáveis, com certeza que merece ser campeão. Foi o melhor e o mais forte.


Bruno Lage foi o treinador vencedor, mas foi Luís Filipe Vieira quem o nomeou.


Pinto da Costa percebe a diferença e fica preocupado. Se foi ele, à custa do penta falhado pelo Benfica, a propalar que o FC Porto ganhou um campeonato que valeu por cinco, corre o risco  de no próximo ano ouvir Vieira proclamar que o Benfica venceu um campeonato que vale por dez: a diferença entre 38 e 28. Como diz o povo, pôs-se a jeito…