Varzim decreta crise oficial no Sporting
Falta aos leões a convicção que a equipa punha em cada lance na época do último titulo. O Sporting era difícil de bater e agora já não é...
NO Editorial de A BOLA do último sábado escrevi que «um calendário atípico, por culpa de um nunca antes visto Mundial no inverno, criou condições para uma jornada muito propícia a tomba-gigantes na Taça de Portugal.» Dito e feito. Oito equipas da Liga foram afastadas por emblemas de escalões inferiores, da segunda à quarta divisão, e tivemos sagas que não frutificaram por detalhes - o Felgueiras só caiu frente ao SC Braga aos 88 minutos e o Caldas levou o Benfica à angústia dos penáltis - e uma outra que, em todo o seu esplendor, fez do histórico Varzim o maior destaque desta eliminatória, ao derrotar, em campo neutro, o Sporting por 1-0. A Taça de Portugal deu a conhecer a competência de muitos treinadores que trabalham nas divisões secundárias, revelou futebolistas que meteram talento e alma no jogo, e voltou a exaltar as raízes do futebol, onde a paixão de proximidade é quem mais ordena.
Quanto a consequências práticas, Sporting, Marítimo, Paços de Ferreira, Rio Ave, Boavista, Portimonense, Santa Clara e Chaves, viram a vida a andar para trás, com o chicote a estalar (para já) na Capital do Móvel...
SOBRE a queda estrondosa do Sporting, a primeira questão prende-se com a bipolaridade da equipa de Rúben Amorim. É difícil entender que quem foi ganhar a Frankfurt e bateu o Tottenham não seja capaz de apresentar um rendimento mínimo garantido, mostrando-se errática no ataque, angustiada na defesa, e sem meio-campo que sirva de cola entre os setores. As transferências de Palhinha e, sobretudo, de Matheus, além do adeus de Sarabia, explicam alguma coisa, mas estão longe de ser explicação para tudo o que de mau tem acontecido ao Sporting.
Falta aos leões, mais do que um ponta de lança matador, um defesa central patrão, ou um médio maestro, a convicção que a equipa punha em cada lance no ano do título. Visto de fora, a ideia que fica é de um aburguesamento, que tem como consequência uma muito menor solidariedade. O Sporting que foi campeão teve jogos menos conseguidos, mas foi sempre uma equipa dificílima de derrubar, que combatia as contrariedades e nunca se entregava. Qualquer semelhança com a equipa atual, é pura coincidência. É por isso, que a crise do Sporting passou de oficiosa a oficial.
ÁS — JURGEN KLOPP
O Liverpool, que tem andado pura e simplesmente irreconhecível, fez prova de vida ao vencer, em Anfield, o Manchester City, após 90 minutos de grande espetáculo. Embora o título deva ser apenas uma miragem, há que contar com estes reds para as restantes competições internas e para a Liga dos Campeões...
ÁS — JORGE REIS
Para lá do enriquecimento da memória coletiva caldense, após a noite épica frente ao Benfica, a Taça trouxe um bem material precioso ao clube, na forma de um novo relvado, custeado com os proventos da eliminatória e com uma comparticipação da Câmara. Dinheiro gasto em infraestruturas é sempre um bom investimento!
DUQUE — THEODORO FONSECA
Provavelmente, a punição do CD da FPF não lhe aquece nem arrefece, e deve ser, até, para o lado que dorme melhor. Mas ver o acionista principal do Portimonense na pele de comissionista (não encartado) na transferência de Nakajima do Al Duhail para o FC Porto, só mostra a promiscuidade que grassa no futebol português.