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Varandas fez um 'all-in' com Gyokeres
Decidiu Frederico Varandas pronunciar-se publicamente sobre as notícias a respeito da insatisfação de Gyokeres em relação à intransigência do presidente do Sporting em deixá-lo sair por números alegadamente apalavrados entre as partes (a já famosa fórmula 60+10) e foi graças às declarações do líder leonino que ficámos todos a perceber uma coisa: alguém está a mentir neste processo.
Sem querer fazer qualquer juízo de valor, custa-me no entanto acreditar que Varandas afirmasse taxativamente não ter feito tal promessa se não tivesse provas do mesmo (ou melhor, a não existência de provas do contrário), sob perigo de colocar a sua credibilidade em causa: na opinião pública, entre os adeptos, entre os jogadores que ganhariam maior desconfiança em casos futuros e no próprio mercado, essa grande amálgama de agentes, dirigentes e demais consultores.
Por outro lado, tratando-se de um presidente já com experiência, não é crível que tenha proferido tais palavras (um ato pensado e anunciado) com outra intenção que não fosse a de um statement. Ou, usando uma analogia cara a Varandas e já aplicada noutros momentos, ele está a fazer um all-in. Tal como no póquer, esta é uma jogada arriscada. Porque não está a surfar uma onda qualquer. Alimentar um braço de ferro com o melhor jogador do Sporting dos últimos 20 anos (pelo menos) é algo cujo desfecho é proporcional ao impacto do sueco nos relvados: conseguindo receber mais que os €60 milhões mais os €10 M variáveis, é uma vitória pessoal robusta; não o logrando, é a sua imagem que fica em causa.
É por isso prematuro assumir que a posição de Frederico Varandas foi precipitada ou pouco ponderada. Para o adepto comum é sempre difícil aceitar que dois protagonistas do mesmo clube estejam desavindos, embora todos saibamos que quando terminam as épocas desportivas os interesses das partes deixam de ser os mesmos. Há imensos exemplos por essa Europa fora de jogadores abraçados a presidentes na hora do champanhe e andarem na semana seguinte de candeias às avessas por causa do mercado de transferências.
Este é o período que nos lembra como o futebol é uma indústria e não um desporto. Que tem as suas próprias regras, entre elas alguns códigos de conduta não escritos, a famosa palavra cujo valor varia consoante a credibilidade de cada um. Perceber quem melhor a usa neste momento irá definir quem sai menos chamuscado nesta história.