Vai sobrar para Vieira
A política de contratações é um bom barómetro para analisar o know how de uma SAD. No caso do Benfica, os dois últimos defesos foram um desastre. E puseram a nu duas coisas: as águias continuam a contratar em quantidade mas perderam (muito) em qualidade. Nesta época chegaram nove jogadores e só um é reforço: Vlachodimos. Gabriel, Conti, Lema, Ferreyra, Corchia, Castillo, Ebuehi e Alfa Semedo pouco ou nada acrescentaram. Há ano e meio chegaram seis e só dois fizeram a diferença (e em curtos períodos): Seferovic e Krovinovic - Svilar, Filipe Augusto, Gabriel Barbosa e Pedro Pereira foram erros de casting.
O que se passou face a anos anteriores - e a tendência começou a evidenciar-se logo na primeira época de Rui Vitória, com a entrada de vários flops (Taarabt, Carcela, Danilo e Carrillo), mas disfarçada com Jovic (bom jogador, mas não aproveitado), Grimaldo, Mitroglou, Zivkovic, Cervi e Rafa - talvez encontre justificação na jactância de Luís Filipe Vieira enquanto o Benfica (de Jorge Jesus, é preciso recordá-lo) venceu muitos títulos: terá pensado o presidente dos encarnados que tinha uma estrutura superior a tudo. Não é verdade. Como se viu no último verão, pináculo da confusão que reina no eixo Luz-Seixal: Rui Vitória a insistir no mantra do 4x3x3 e Vieira a deixar-lhe quatro pontas de lança na mão (e mais João Félix): o melhor marcador (Jonas), um internacional suíço (Seferovic) e dois reforços pagos a peso de ouro (Ferreyra e Castillo). Vitória não estaria satisfeito e mesmo assim terá insistido em Gabriel, ao que Vieira acedeu, pagando €8 milhões. Surpresa: nem o médio brasileiro está a dar razão ao técnico e o melhor marcador é um extremo (Rafa), conhecido pelo défice de finalização. O Benfica é um paradoxo. Rui Vitória tem óbvias culpas, mas não age (não pode) sozinho. A maior culpa é da estrutura. De Vieira.