‘Unidos’ contra o Benfica

OPINIÃO06.09.202206:30

Uma nova realidade emerge na Luz, de corte total com o passado recente. Os rivais tomaram nota e os canais de ‘comunicação esterqueira’ despertaram

Ocampeonato está no início, mas cinco jornadas  são suficientes para  se prever que o ambiente deve aquecer. O Benfica é o líder da classificação, o que é normal, mas já se percebeu que, desta vez, vai  ser difícil  tirá-lo de lá, ao contrário do que se registou nos anos anteriores.

Mais do que  as boas ou más exibições é a nova atitude competitiva  da águia que preocupa os oponentes, a sua renovada capacidade de superação perante os embaraços que os adversários lhe colocam. Desistir face a sacrifícios de enorme exigência física ou capitular perante  obstáculos que dão muito trabalho a transpor são males expurgados de um plantel  que se aburguesou. Por isso, foi preciso fazer uma profunda limpeza de balneário, para reduzir custos, sim, mas, principalmente, para aliviar o peso significativo de gente vulgar, contratada de forma avulsa e sem critério, mas toda ela bem paga. Pelo que se conhece, essa fase  sensível, por envolver dinheiros e acordos complexos, foi concluída com assinalável eficácia, ou quase, porque André Almeida tem recusado todas as propostas para uma rescisão de comum acordo. Está no seu direito, mas não deixa de ser curioso. Até Taarabt acertou contas e foi tratar da vida para outro lado. 

O novo Benfica nasceu, mas pode ser demorado o crescimento, tudo dependendo dos resultados, em primeiro lugar, do reforço do grupo, com os necessários ajustes ainda em falta em  todos lugares, da união interna, com absoluta confiança no trabalho do presidente Rui Costa, e da força de acreditar da família da águia, um pilar fundamental  para o êxito deste arrojado processo de mudança e que repetidos encómios tem merecido de Roger Schmidt. 

Uma nova realidade emerge na Luz, de corte total com o passado recente e sem espaço para continuar a acomodar praticantes de barriga cheia que perderam dezoito pontos em casa na época passada e voltaram  a estacionar a equipa  no terceiro lugar. Esse tempo acabou, os rivais tomaram nota  da mudança, temem as consequências e reativaram alianças de conveniência. Os canais de comunicação esterqueira despertaram,    atarantados e ruidosos. Vai valer tudo daqui em diante. É o preço que o Benfica sabe ter de pagar pela sua grandeza.  
 

DÉRBI MINHOTO  

NO autêntico dérbi do Minho venceu o melhor. Foi um jogo vivo, intenso e rijamente disputado, no respeito pela tradição dos confrontos entre os emblemas mais representativos da região. Ganhou o SC Braga com dificuldade, sem dúvida, mas com inatacável merecimento, sendo absolutamente despropositada a questão suscitada no lado vitoriano, ao questionar-se o facto de  o único golo ter sido apontado no último minuto, no último segundo ou no último lance, fica à vontade do freguês. Percebe-se o desalento vimaranense, tal como se justifica o entusiasmo bracarense. Este antagonismo de interesses  enriqueceu a  história de um jogo com qualidade e que não merecia declarações ou reações que apenas refletiram o défice cultural que caracteriza o futebol luso.

Há duas semanas, a seguir a um Chelsea-Tottenham, da Liga inglesa, que acabou empatado, os treinadores Thomas Tuchel e António Conte protagonizaram um espetáculo mediático que correu mundo mas que feriu os valores da competição,  intolerante quanto a este tipo de comportamentos. Tuchel foi punido com um jogo de suspensão e 41 mil euros de multa, enquanto Conte, o  presumível ofendido, escapou à suspensão, mas pagou uma multa de 17 mil euros. Fosse assim em Portugal e os treinadores nem  gemiam…  O que se passou no Municipal de Braga, numa liga periférica, nenhuma repercussão teve além de Vilar Formoso, mas foi grave. Refiro-me ao destempero do treinador do Vitória de Guimarães, conhecido por Moreno e sem a qualificação profissional necessária para o exercício do cargo, de aí o recurso ao aluguer de alguém encartado para contornar a lei.  

Rúben Amorim  foi o caso recente mais badalado e não foi por causa disso que  deixou de ser campeão nacional. Com habilitação ou sem ela, a competência já lá estava. Em relação a Moreno não sabemos, nem ele ajuda  a esclarecer, por considerar-se perseguido e enveredar pela via da insinuação pouco clara. Diz que anda no futebol há anos suficientes para perceber com se ajudam as equipas. Faça o favor de concretizar. O que todos vimos foi o retrato de alguém que fez uma figura  lastimável, mais nada.
 

CRISE NA ILHA 

O Marítimo atravessa um período complicado, de claro desnorte e notória crise de autoridade. Rui Fontes, o presidente da direção, entregou o controlo da SAD  a terceiros, a troco sabe-se lá de quê, e agora falta-lhe autoridade para tomar decisões. Até o treinador o desconsiderou. 

Carlos Pereira, o anterior presidente, sempre criticado pelo seu mau feitio, fez obra notável e geriu o clube com seriedade e amor pela causa social. Provavelmente, aqueles  que no tempo dele não se atreviam  a pisar o risco foram os mesmos a que Fontes se encostou e que já o querem ver pelas costas. É assim a natureza humana…