Uma vitória dos recursos humanos
Acabou bem o ano de 2019, com a notícia da recandidatura de Fernando Gomes à presidência da FPF. Há ainda muito trabalho por fazer (e tanto foi já feito...) e fazem falta pessoas que saibam pensar e estar, que passem na vida para adicionar e não para subtrair, muito menos para dividir, com os olhos postos na multiplicação de recursos. Em Fernando Gomes vê-se alguém que desmontou a mesquinhez da clubite, mostrando urbi et orbi que quando se age privilegiando o que nos une e não aquilo que nos separa, o céu é o limite.
A FPF de Fernando Gomes nunca teve medo de apostar na competência, e tem feito da política de recursos humanos a sua principal força; ao mesmo tempo, aventurou-se em processos pioneiros, um, o do VAR, apontando, antes dos outros, o caminho do futuro, e outro, o Canal Onze, de contornos mais complexos, com potenciais danos colaterais, cujo desenvolvimento poderá condicionar um mercado audiovisual a que a Federação Portuguesa de Futebol não era expectável pertencer. O futuro, tão insondável no âmbito da comunicação social, a nível global, dirá de sua justiça...
Disse, atrás, que apesar do muito que já foi feito ainda há muito mais por fazer:
a) No domínio da arbitragem, por exemplo, alargando os campos de recrutamento, qualificando carreiras e combatendo a opacidade;
b) No âmbito dos quadros competitivos, incrementando políticas de regionalização e criando condições para reciclar o elefante branco que dá pelo nome de Campeonato Nacional de Seniores;
c) No quadro do futebol feminino, aprofundando, sem concessões, o magnífico trabalho entretanto realizado;
d) E, last but not least, criando mecanismos que permitam melhorar a imagem do futebol, penalizada por décadas de más práticas que em nada têm contribuído para uma perceção coletiva civilizada do desporto-rei.
Não é aceitável que o futebol de um país que é campeão da Europa e vencedor da Liga das Nações; que é campeão do Mundo de Futebol de praia e campeão europeu de futsal; que deu ao mundo três Bolas de Ouro, e se tem substituído ao Estado no fomento do desporto, seja sujeito, por exemplo, a uma política fiscal agressiva e castradora. E essa batalha, política, só pode ser ganha com uma nova imagem.