Um olhar sobre a temporada que aí vem
O que trará a 2020/21 de novo ao futebol português? Falando daquilo que aparenta ser certo - a I Liga sustentada pelo dinheiro da televisão - e mantendo em dúvida toda a restante competição, dos vários escalões e divisões, que representa 99,9% dos jogos que se disputam anualmente em Portugal, deverá concluir-se que as mudanças não vão ser substanciais. Havendo mais uma vaga para a Champions, a pressão sobre a questão do título deixará de ser tão asfixiante, porque o prémio para o primeiro dos últimos vai ser altamente compensador. A isto soma-se a esperança do terceiro, que poderá investir em 2020/21 de olhos postos nos milhões da fase de grupos. No mais, o figurino deverá manter-se porque:
a) O FC Porto, confortado pela certeza dos milhões da Champions, vai ter condições de investimento que lhe faltaram na época que agora está a findar e em tese poderá surgir mais bem apetrechado;
b) O Benfica, pela conjuntura que está a viver, com o efeito-Jesus em alta e ainda com a necessidade de apresentar serviço, de olhos postos nas eleições de finais de outubro, vai voltar a pôr os pés na terra e a reforçar-se para subir alguns degraus na escada da competitividade. Assim como o FC Porto, os encarnados vão surgir com mais argumentos em 2020/21;
Águias e Dragões continuarão a ser os principais candidatos às duas primeiras posições do Campeonato Nacional.
c) Já o Sporting, ainda sem os mesmos meios dos rivais históricos (o orçamento dos leões andará pela metade daqueles de dragões e águias), beneficiará de algo que até agora tinha estado ausente da gestão de Frederico Varandas: estabilidade para o treinador. Rúben Amorim está blindado e terá condições para desenvolver um trabalho em que tem dado mostras de competência. Porém, o carro que conduz possui uma cilindrada inferior à dos rivais e esse é um handicap relevante.
d) O SC Braga, a vestir a pele do quarto grande - que durante muito tempo pertenceu ao Belenenses, e durante algum tempo ao Boavista -, precisa de um golpe de asa que coloque a sua equipa, que já se aproximou do Sporting, mais perto de Benfica e FC Porto. Aos arsenalistas falta o click - ao jeito do que fez Rúben Amorim durante alguns meses alucinantes - que rompa a barreira que os separa da luta pelo título.