Um mês a especular
Assim de mansinho já vamos num mês sem futebol e outro (no mínimo) passará antes de voltar a competição - ninguém sabe quando e não seremos nós a fazer essa previsão. Neste momento continua a haver coisas muito mais importantes do que o desporto - que o digam o primeiro-ministro britânico Boris Johnson e os seus anjos de guarda Luís Pitarma (português) e Jenny McGee (neozelandesa). À falta de jogos, treinos e conferências de Imprensa não nos resta mais do que especular.
Ninguém sabe quando e como acabará a época nem que efeitos terá esta crise no futuro próximo. O futebol, como tantas outras coisas, desapareceu da primeira linha noticiosa, tão absorvente e monopolizante tem sido a pandemia. Ainda assim, fui consultar as primeiras páginas de jornais desportivos do último mês para tentar fazer um ponto de situação (possível) relativamente aos três grandes. Há notícias comuns a todos (cortes salariais, redução de despesas, reequação de investimentos).
Comecemos pelo FC Porto, que liderava o campeonato na altura da paragem. As notícias (e especulações) mais relevantes têm como pano de fundo a necessidade de o clube fazer um encaixe de pelo menos cem milhões de euros para não voltar a cair sob a alçada disciplinar da UEFA. Ou seja: a gestão ruinosa da SAD portista nos últimos anos não pára de produzir efeitos perniciosos no futebol profissional. Quem lhe pede contas?... Pelo que se tem lido, Sérgio Conceição vai perder vários avançados no defeso - Soares (Roma?), Marega e Zé Luís estarão de saída - e ainda os centrais Diogo Leite (Valência ou Sevilha), Alex Telles (PSG?, Juventus?) e o extremo Corona, «que meia Europa quer» e cujo preço a SAD portista já fixou em €30 milhões. Em face disto, apetece perguntar que equipa terá Sérgio Conceição na próxima época, lembrando que o FCP tem vindo progressivamente a perder qualidade e competitividade a nível internacional (em termos domésticos, os factos mostram que o FCP com Sérgio tem sido mais competitivo que o Benfica: tem lutado até ao fim em todas as frentes).
O Benfica viu interrompido pela pandemia um ciclo de exibições e resultados horríveis (uma vitória em oito jogos…). Nunca saberemos o que teria acontecido sem interrupção, mas a forma como a equipa estava a jogar não augurava nada de bom para o resto do Campeonato. Talvez por isso as declarações de responsáveis encarnados (Domingos Soares de Oliveira e Tiago Pinto) sejam bem mais otimistas agora. As diversas notícias respeitantes ao universo encarnado apontam para um travão às contratações (lembre-se que o Benfica nesta temporada gastou €57 milhões em três jogadores - tendo recuperado €20 milhões com a venda de RDT) e indiciam, de um modo geral, uma tendência de contenção de despesas em todas as áreas. Veremos em que posição e com que trunfos (estou a pensar no propalado sonho europeu) se apresenta Luís Filipe Vieira às eleições de outubro, sendo público que a sua gestão nos últimos tempos está repleta de episódios pouco claros.
A pandemia levou (transitoriamente) o presidente ao Sporting e deu a Rúben Amorim um inesperado fôlego para conhecer melhor a realidade leonina e avaliar tudo o que precisa de ser mudado/melhorado. Ao contrário dos adeptos portistas e benfiquistas, os do Sporting não se importavam nada que o Campeonato não recomeçasse. O interesse deles está centrado na próxima época e nas notícias que dão conta, por um lado, num regresso em força à Academia que produziu jogadores de uma excecionalidade única na história do futebol português (Joelson Fernandes, Matheus Nunes, Nuno Mendes, Gonçalo Inácio e Eduardo Quaresma estão nos planos de Amorim), e, por outro, nas hipotéticas vendas de Acuña, Coates e Wendel… e nos possíveis regressos de João Mário, Adrien Silva e Slimani.
Resta-nos esperar. Melhores dias virão.