Um Clássico sério e jogado a sério
O jogo do Dragão marcou, finalmente, o regresso do verdadeiro Jorge Jesus ao futebol português. Será que vai continuar por cá?
O Benfica apresentou-se no Dragão em versão acordada, em contraste com o capilé nas veias que vinha a marcar a sua temporada, e arrancou em casa do rival a melhor exibição de 2020/2021, coroada com um empate que lhe soube a pouco.
Este Benfica, que a jogar assim é candidato ao título, veio para ficar, ou tratou-se apenas de um momento fugaz de uma equipa que se sentiu ferida no brio? Os próximos jogos encarregar-se-ão de desfazer esta dúvida pertinente, na certeza de que quem vinha apontando insuficiências na atitude competitiva dos encarnados estava carregado de razão: entre Ponta Delgada ou Barcelos e o Dragão vai a diferença entre uma equipa de trazer por casa e um competidor cujo limite é apenas o céu...
O regresso de Jesus
No FC Porto-Benfica da última sexta-feira verificou-se, também, o verdadeiro regresso de Jorge Jesus ao futebol português, depois de passagens pela Arábia Saudita e Brasil. O JJ sagaz e interventivo que conhecíamos, e que andava desaparecido, foi capaz de deixar Everton no banco e apostar em Grimaldo numa posição híbrida, entre médio ala e defesa lateral (quando Nuno Tavares fechava no meio), que colocou amiúde Sérgio Conceição em xeque; foi capaz de arriscar em dois avançados (ditos similares) que antes tinha recusado; e apresentou um Julian Weigl a interpretar na perfeição o que é pretendido, na cartilha de Jesus, para a posição seis.
Estava à vista de todos que o Benfica precisava de um click que o despertasse de uma letargia demasiado prolongada no tempo. A arte do técnico do clube da Luz estará agora em aproveitar o balanço do Clássico e projetá-lo para o que falta da época. A Taça da Liga, que antecede o Nacional e os azuis do Jamor, antes do dérbi de Alvalade, irá dizer-nos se, para o Benfica, pode traçar-se um antes e um depois, relativamente ao Dragão.
No final de um jogo rijamente disputado, os jogadores cumprimentaram-se e até deu, em clima de urbanidade, para Otamendi matar saudades de alguns elementos do staff portista. Só Sérgio Conceição e Jorge Jesus (que louvavam uma boa relação que vinha de Felgueiras) borraram a pintura, envolvendo-se num bate-boca que lembrou o caso Lotopegui. Foi mais forte que cada um deles? Quiçá. Mas não havia necessidade...
Paulo Pereira
O selecionador nacional de andebol tem razões para sorrir, porque Portugal está transformado numa equipa temível, compacta a defender e ágil a atacar, capaz de medir forças com qualquer adversário. Difíceis os desafios com França, Noruega e Suíça, da segunda fase do Campeonato do Mundo? Venham eles...
Gelson Dala
Ocarma é tramado e o destino gosta de ser caprichoso. Estas verdades relativas saltaram à vista no golo do empate do Rio Ave em Alvalade, uma filigrana de pelada que teve a autoria de três ex-leões, Francisco Geraldes na conceção, Carlos Mané na assistência e Gelson Dala na finalização.
Conceição/Jesus
Deram a nota dissonante num Clássico jogado nos limites, dentro das quatro linhas, ao pegarem-se verbalmente já depois do apito final. Egos demasiado grandes de dois treinadores que faziam gala pública de uma amizade que remontava a 1995? Não foi, certamente, o melhor momento de nenhum deles.