Um 2019 pelo menos igual a 2018 é o que os portistas desejam
1 O FC Porto fechou um feliz ano de 2018 com uma difícil qualificação para a final four da Taça da Liga, muito mais difícil do que seria de prever, jogando em campo neutro com a equipa principal contra a equipa secundária do Belenenses. Mas aconteceu que, mais uma vez - pela quinta vez nos últimos seis jogos! - a defesa entrou desconcentrada e ofereceu um golo ao adversário logo aos 4 minutos e, para não variar, logo no primeiro remate dele à baliza. Desta vez a oferta foi do guarda-redes Vaná, confirmando outra má notícia para Sérgio Conceição: a de que, fora do núcleo duro - de que, em minha opinião, fazem parte oito jogadores (Casillas, Felipe, Militão, Alex Telles, Danilo, Otávio, Brahimi, Corona e Marega), e a que poderemos acrescentar Diogo Leite, Hernâni, Soares e, vá lá, Herrera, de vez em quando - o treinador portista não tem ninguém mais que verdadeiramente lhe possa merecer confiança em qualquer circunstância. Mesmo jogadores rotinados na equipa principal ou a quem ele tem dado várias oportunidades de agarrarem a titularidade de forma permanente, como Fabiano, Maxi, Óliver, Sérgio Oliveira e Adrián López, têm consistentemente demonstrado a sua incapacidade para evoluírem para além de patamares de qualidade claramente aquém do que é exigível numa equipa que pelo segundo ano consecutivo chega a um lugar entre as dezasseis melhores da Europa.
Ou seja, torna-se claro que o conjunto à disposição de Sérgio Conceição é claramente insuficiente para o caderno de encargos que ele tem pela frente e que, por enquanto, abrange ainda a totalidade das quatro provas com que a época se iniciou em Agosto passado. Se olharmos para os nomes acima citados, vemos que o único nome novo em relação à época anterior é o de Éder Militão, mas, em contrapartida, faltam neste plantel Marcano, que Militão substituiu, mas ainda sem o fazer esquecer, Reyes, Diogo Dalot (que tanto jeito daria para o lugar de Maxi!), e Aboubakar (cuja lesão de recuperação prolongada motivou agora a aquisição barata e aparentemente pouco entusiasmante de Fernando). Não havendo outros reforços em Janeiro, isso significará que com um grupo ainda mais fraco que o anterior (que já não havia sido reforçado por razões de ordem financeira) espera-se que Sérgio Conceição consiga, mesmo assim, repetir o milagre do ano passado. Pois, para já, ele repetiu a presença na final four da Taça da Liga, nos oitavos da Champions e nos oitavos da Taça de Portugal e segue melhor no campeonato. Mas esperar que, sem reforços a sério tudo acabe igual ou melhor do que na época passada é audácia e optimismo a mais. Na minha modesta opinião, o FC Porto precisa com urgência de um defesa-direito e dois médios de ataque, criativos e com capacidade de remate de meia distância.
Sem isso, o que vejo é uma equipa que, de jogo para jogo, faz das tripas coração, que ainda encontra forças e ânimo para ir em busca de um terceiro golo contra o Belenenses (que, afinal, não foi preciso), mas já com os jogadores rebentados, e que festeja a qualificação para a fase final da Taça da Liga apenas pela diferença de golos marcados contra um modestíssimo Chaves e que, para o fazer, obrigou o treinador a não poder abdicar, nos três jogos, de praticamente nenhum dos habituais titulares ao longo dos 90 minutos. É uma equipa que soube gerir muito bem os seus picos de forma e encontrá-los em quase todos os momentos necessários, mas que agora, naturalmente, paga a factura do desgaste e da ausência gritante de alternativas válidas dentro do grupo que permitam fazer rodar os jogadores mais cansados: casos de Felipe, Militão, Alex Telles, Brahimi e, sobretudo, Marega. Se Marega se constipa, temo que tudo desabe como um castelo de cartas. E pensar que eu escrevi que o FC Porto não deveria ter cedido à sua chantagem, quando ele entrou em greve porque queria melhoria de contrato! No domínio dos princípios, continuo a pensar o mesmo e que, tendo cedido, a SAD abriu com ele um precedente perigoso, mas a verdade é que, pelo menos, ele tem feito por justificar, e de que maneira, a validade das suas pretensões!
2 Já vários o escreveram e eu concordo: na sua nova fórmula, a Taça da Liga tornou-se muito mais interessante e muito mais apetecível para os quatro grandes. É facto que ela está talhada à medida deles, mas também não vem daí mal ao mundo: também poderia haver uma taça apenas reservada a eles e que despertaria tanto interesse como a final four desta reunindo os quatro grandes. Mas aí nenhum dos outros clubes da primeira e segunda Ligas entrariam, enquanto que aqui entram, jogam contra os grandes na primeira fase e não estão proibidos de os eliminarem e passarem eles à final a quatro, como sucedeu com o Vitória de Setúbal na época passada.
Portanto, aí estão os quatro primeiros actuais clubes do nosso futebol qualificados para a final four de Braga. Os três grandes, especialmente Porto e Sporting, com evidentes dificuldades, o Braga, o anfitrião, com a facilidade que três vitórias em três jogos ilustram. Aliás, digerido sem problemas o jogo de cumprimentos da Luz, o Braga voltou ao que tem sido e despachou o Vitória de Setúbal com um concludente 4-0. Recordava ontem Pinto da Costa, no JN, que nos últimos anos o Braga só perdeu duas vezes com o Benfica, curiosamente ambas no mesmo ano e ambas quando o treinador do Braga se chamava… Sérgio Conceição. De resto, tem sido sempre a aviar. E se António Salvador também dizia ontem ao Jogo que o Braga, em termos de preparação, estava ao nível dos grandes de Portugal e da Europa, só lhe faltando os títulos (esse pormenor…), a mim parece-me difícil que um clube possa aspirar a ser campeão nacional quando sofre de um defeito de raiz: é um clube cujos adeptos são bracarenses quando o Benfica não está em jogo; mas no seu íntimo são benfiquistas se o Benfica está em jogo e mesmo que o Braga também esteja. E não penso isto só agora e só por causa dos 6-2 e da forma tão dócil como o Braga se dispôs a ser sovado na Luz. Já o penso há muito tempo e, como o escrevi a semana passada, não é impressão que nasça no relvado, mas lá em cima, no camarote presidencial, e que desce pelas bancadas até ao relvado. Felizmente para estas paixões cruzadas, na final four da Taça da Liga, vai caber ao Porto, e não ao Braga, enfrentar o Benfica nas meias-finais. E eu, claro, confio que o Porto afaste o Benfica e que, caso o Braga afaste o Sporting, os dois clubes amigos estejam também dispensados de se enfrentarem na final.
3 Manchester United na Premier League, pós- Mourinho: três jogos, três vitórias. Dá que pensar. Ou Mourinho perdeu a poção mágica ou os jogadores não queriam mesmo nada com ele.
4 Um dos lugares do mundo onde melhor se come é Portugal. E só não digo o melhor, porque o melhor, para mim é o País Basco, terra de cozinheiros de eleição - e que, para o serem, não precisam de estar no Guia Michelin, com a sua pomposa e insuportável cozinha de fusões, emulsões, vaporizações e reduções. Pois agora um cozinheiro, Aitor Elizegi de seu nome, chegou a presidente do histórico Athtletic de Bilbao, ganhando a mais renhida eleição da história do clube, com apenas 85 votos de vantagem entre 19.000 votantes. Candidato absolutamente espontâneo e contra a Direcção anterior, apoiada até pelo todo poderoso Partido Nacionalista Basco, PNV, Elizegi tem como tarefa primeira conseguir arrancar a equipa do 17 º lugar que ocupa na Liga. Depois, é provável que queira valorizar o novo Estádio do Athtletic, que veio substituir o histórico San Mamés, talvez instalando ali um restaurante de referência com a slow food de que é adepto. «Futebol rápido, comida lenta» - pode ser um grande slogan para atrair adeptos ao estádio.