Três olhares e várias questões
OLHAR para o banco do Benfica em Moreira de Cónegos ajuda a explicar (não explica tudo, mas ajuda...) as dificuldades que Bruno Lage tem encontrado para corresponder às expectativas que ele próprio criou, nomeadamente no que às exibições da equipa diz respeito. Ao seu lado o treinador tinha Zlobin, Jardel, Tomás Tavares, David Tavares, Gedson, Jota e Caio Lucas . E não, não estou sequer a falar apenas da juventude da maioria das opções de que Lage dispunha para virar um jogo que estava muito complicado. Nem da qualidade, porque alguns deles, apesar da idade, já mostraram que até podem ser alternativas válidas. Mas, convenhamos, não pode ser um banco que deixe os benfiquistas totalmente descansados quanto à qualidade de um plantel que muitos defendem ser o melhor do campeonato.
É verdade que há muitos lesionados. Se tivesse Gabriel, Florentino, Carlos Vinícius ou Chiquinho as coisas seriam diferentes. Mas há, ainda assim, algumas ausências que mereceriam uma resposta mais pormenorizada:
1 - Porque deixou de contar Samaris, afinal de contas uma peça determinante na conquista do título na época passada? Não há notícia de que esteja lesionado, pelo que não poderá deixar de causar estranheza que tenha sido, de um momento para o outro e depois de ter até renovado contrato, ultrapassado na hierarquia de opções do técnico que o recuperou até por David Tavares.
2 - Depois da titularidade, de alguma forma surpreendente, frente ao RB Leipzig, Cervi ficou de fora até do lote de suplentes em Vila do Conde. Lage garantiu aos adeptos que colocou na Champions a melhor equipa, OK. Cervi só serve para a Liga dos Campeões?
3 - Zivkovic desapareceu do mapa. Já nem para entrar nos convocados parece ter qualidade. É, no mínimo, estranho, ainda mais quando a SAD chegou a pedir mais de 20 milhões para deixar o sérvio sair. Um jogador que vale 20 milhões não serve, no mínimo, para suplente do Benfica?
OLHAR para a forma destrambelhada como Bruno Fernandes reagiu à expulsão no Estádio do Bessa deixa perceber como está a cabeça do capitão do Sporting. É verdade que todos os jogadores têm direito a momentos de frustração e que todos sabemos ser difícil manter a cabeça fria quando tudo corre mal. Dar pontapés em portas e insultar um pobre steward que se limitou a fazer o seu trabalho não é bonito mas já vimos jogadores a descarregar a frustração de forma bem mais grave. A questão não é, portanto, essa. O que está em causa é perceber se a reação de Bruno Fernandes se prenderá, em exclusivo, ao que acabara de acontecer frente ao Boavista. Não parece. Talvez tenha sido, antes, um acumular de frustrações, a começar no facto de ter sido Bruno Fernandes obrigado a ficar em Alvalade e acabando no detalhe de olhar para o lado e não ver, ali, quem o possa ajudar naquelas que são as suas legítimas ambições. Se for isso, terá Bruno Fernandes de pagar muitas portas por esse Portugal fora...
OLHAR para a forma fria como Frederico Varandas, Beto e Hugo Viana olharam para o capitão do Sporting, e o seu mais que tudo, depois do jogo do Bessa - e a forma como Bruno Fernandes não pareceu muito incomodado com isso - levanta, também, algumas questões. Nem uma palavra, nem uma palmada, nem um cumprimento. Um distanciamento difícil de compreender, mesmo que um pouco depois Beto e o departamento de comunicação do Sporting se tenham apressado a defender o jogador. Mas devem os responsáveis do Sporting perceber que não chega passar a mensagem para o exterior. Ela deve começar a ser passada lá dentro. Ou só interessa parecer?