TIC

OPINIÃO02.12.201800:34

1 - Ontem, na Luz, o intervalo fez muito bem ao Benfica de Rui Vitória. Os primeiros minutos da segunda parte mostraram que as palavras do Presidente Luís Filipe Vieira chegaram ao balneário. O que era lento passou a ser rápido. O que era ansiedade passou a ser intensidade. Foram mais que quinze minutos à Benfica. E tínhamos saudades desta velocidade, de tanta criatividade, de momentos largos de verdadeira nota artística. Ontem, na Luz, renovou-se a confiança entre o relvado e as bancadas. E a grande segunda parte do Benfica fez sorrir Luís Filipe Vieira. O vendaval atacante benfiquista é um sinal animador neste arranque de um Dezembro redentor. Duplamente redentor. Para o Mundo cristão e para o mundo benfiquista. E, nesta segunda oportunidade, a unidade de todo o Benfica é uma assumida exigência. Por respeito à história e também por respeito à liberdade na diversidade que faz do Benfica uma instituição singular e única. E em cada divergência há, logo, uma extraordinária convergência. Agora é o Paços para uma Taça que, largas vezes, conquistámos. A alegria de ontem tem de ser replicada! Bem replicada! Para alegria de milhões que sentem o prazer e detestam a dor!

2 - O Benfica, o Benfica da liberdade e da diversidade, do pluralismo e da agregação ao redor do símbolo identificador e do hino inspirador, vive momentos que, na inspiração do Professor Jorge Castelo, se sintetizam em três letras: TIC. Tempo. Ideias. Condições. O tempo em razão dos últimos resultados é um tempo curto. Este mês de Dezembro é um mês exigente e temos de fazer tudo para manter - ou diminuir, o que seria fantástico! - a diferença pontual para o líder da Liga. Também é importante que as mudanças anunciadas se traduzam em novas ideias. E estas determinam séria convicção e forte adesão coletiva. É preciso que todos acreditem que é possível - que é essencial - que a reconquista da Liga se concretize já que ela é determinante para o projeto europeu do Benfica. E este projeto não pode ser uma utopia discursiva. Tem de ser um sonho que tem actos e factos que se sentem e que não apenas se pressentem. E daí as condições. E estas envolvem fiabilidade nas propostas - que não em projetos - e viabilidade nos projetos subjetivos que se desejam. Daí que a crítica seja salutar. Por vezes seja, na sua impetuosidade, dura. Mas, no final e afinal, está sempre o Benfica, sempre acima do nosso sentir. E este TIC é essencial neste mês de Dezembro. Há mais jogos difíceis, dentro e até fora dos relvados. No mais importa saudar vivamente os resultados económicos e financeiros da SAD - uma vez mais - e perceber que importa acautelar todos os talentos que o Seixal está, e bem, a projectar e a potenciar. Com a certeza aqui que esta Academia é a concretização de um sonho de Luís Filipe Vieira. E esta saudação, sempre permanente, não tem dias nem horas. É uma saudação em razão do enriquecimento do clube e da SAD e, logo, uma saudação que reflete um outro TIC. O tempo da construção e da consolidação. A ideia e a sua concretização. Em infraestruturas e em recursos humanos qualificados. E condições para um contínuo crescimento e uma global afirmação e reconhecimento. E estes dois TIC’s em dilema são, porventura, e na minha opinião - sempre modesta -, o dilema presente deste Benfica. Com a certeza que só os homens (mulheres) calados (as) é que nunca erram. Por mim assumo que já errei. E não esqueço nunca, acompanhando Edward Pheps, que «o homem que não comete erros geralmente não faz nada»! E no Benfica, nos últimos anos, muito, mas mesmo muito, foi feito!

3 - Quando falta uma jornada para o fim da fase de grupos das duas competições europeias de clubes, três referências importa suscitar. A primeira é que já estão fora dos dezasseis e dos oitavos de final da Liga Europa e da Liga dos Campeões marcas importantes como o Mónaco, o Marselha, o PSV ou o Anderlecht. A supremacia do PSG no futebol francês começa a provocar efeitos negativos de contágio! A segunda é que a Rússia aumentou a sua vantagem em relação a Portugal no ranking da UEFA, ou seja, no ranking que determina o número de clubes que participam de forma direta na fase de grupos das competições europeias. O que implica que continuaremos a ter apenas o nosso campeão a entrar diretamente na fase de grupos da Liga dos Campeões. A terceira para constatar que as grandes Ligas continuarão a dominar os dezasseis clubes que marcarão presença no sorteio dos oitavos de final da Liga dos Campeões. Onde entra, com todo o mérito, e como cabeça de série, o Futebol Clube do Porto, bem liderado e identificado com Sérgio Conceição. E, assim, se vai construindo uma Europa do futebol em que os grandes são cada mais os permanentes. Com todas as consequências. Também aqui vale o TIC. Tempo. Ideias. Condições!!! O futuro próximo das competições europeias de clubes também está em mudança. Diria que em mudanças.

4 - Nestas vésperas de Natal uma das prendas que aprecio são livros. Tenho uma assumida paixão por livros. E lembro sempre a grande Marguerite Duras: «Caminhas em direção da solidão. Eu não, eu tenho livros». Permitam-me que lhes sugira dois acabados de sair. Um de um Amigo. Um Amigo é aquele que dá a mão. E o livro do Professor Eduardo Barroso - « Sobreviver» -, com um sugestivo fundo em verde, é um retrato de uma paixão pela medicina e pela vida. Confessando que viveu Eduardo Barroso enaltece o SNS e ajuda-nos a sentir «a coragem, as dúvidas, as vitórias e as batalhas dentro e fora do bloco operatório». Lendo o livro ainda mais percebemos o homem e o cidadão e agradecemos o privilégio da sua Amizade. Um outro, em inglês, percorre-nos o Football Leaks. Leva-nos aos bastidores, bem profundos, deste «jogo tão bonito». Resulta da análise - de Rafael Busschmann e Michael Wulzinger - de 18,6 milhões de documentos. E como Voltaire poderemos dizer que «se um livro é mau, nada o pode desculpar; sendo bom, nem todos os réus o conseguem esmagar». Boas leituras!

5 - O sorteio da Taça de Portugal levará em princípio no meio de Janeiro próximo o Benfica a Montalegre! Será a festa da Taça em estado puro! Será uma festa de Reis, poucos dias após o sugestivo e acarinhado Dia de Reis. Como será bonita esta festa da prova rainha do futebol português. E assim se conjugam Reis e Rainha. Quando se aproxima a chegada, sempre saudada e por vezes controversa, do Menino Jesus!