Teremos sempre Amesterdão!
Bicampeonato é prémio para os milhares de amadores que treinam e jogam por «carolice»
B ICAMPEÃO da Europa e campeão do Mundo. O futsal passou de mero parente pobre do futebol - ainda o é, obviamente, nos valores envolvidos nas transferências e nos vencimentos dos atletas - para uma das modalidades com maior peso no panorama desportivo português. O feito de Amesterdão é, simplesmente, extraordinário! Quem está mais atento ao fenómeno e à carolice e esforço diário que fazem funcionar a máquina já tinha certamente consciência que, mais tarde ou mais cedo, Portugal iria atingir patamar de destaque. Porém, o atual é muito maior: é ímpar na história do desporto português.
Há muito que a modalidade já não é só fenómeno metropolitano de Lisboa e se espalhou por todo o país, do Minho ao Algarve, passando pelas terras fertéis de Leiria, Beira Alta e Caxinas. Milhares de atletas amadores, da formação aos seniores, treinam depois da escola ou do emprego, e jogam fim de semana após fim de semana quase exclusivamente por amor ao futsal. São estes aqueles devem ser lembrados na página dourada escrita nos Países Baixos, os jovens que sonham ser Zicky, Paçó ou Jesus e os mais velhos que aspiram ainda a pisar as pegadas de João Matos e Bruno Coelho.
Jorge Braz, que tem feito trabalho notável na renovação da Seleção - e que até poderia servir de exemplo para o irmão mais velho - e lidou com os problemas físicos do melhor de sempre no Mundial, ao ponto de perder Ricardinho em definitivo para o Europeu, é o nome que mais sobressai na nova conquista. Cada vez mais confiante no seu processo e a exibir uma tranquilidade desarmante, o selecionador tem conseguido ele próprio evoluir e justificar a aposta. Mais! Portugal foi igualmente, em Amesterdão, a melhor definição de uma equipa: impressionante solidariedade e confiança, em que assentou um Zicky Té verdadeiramente surpreendente e decisivo.