Tempo de reflexão

OPINIÃO19.08.201804:03

O Benfica ganhou, categoricamente, no Bessa. O Benfica, com Gedson e Pizzi às portas de uma convocatória para os próximos e diferentes compromissos da Seleção Nacional, dominou e controlou o jogo. E Ferreyra mostrou que é um avançado de verdade. O golo que marcou é de uma serenidade total: combina categoria com visão. Agora, depois de ultrapassado o Boavista, o Benfica, a crescer e consistente, tem três importantes e determinantes jogos. Os dois frente ao complexo PAOK de Salónica e o primeiro dérbi da época frente ao Sporting. Duas notas do jogo de ontem. A entrada de João Félix. Grande alegria para um viseense como eu. A segunda para realçar um jogo rijo, diria que duro. Por vezes com uma agressividade no limite de outra cor de cartões. Agora importa encher por duas vezes a Luz. Que tem de ser um verdadeiro inferno. Em que as bancadas contagiem o bonito e renovado relvado. E motivem, como sempre, estes jogadores que nos fazem acreditar numa verdadeira reconquista!

2As eliminações bem precoces de Rio Ave e Sporting de Braga da luta pelo acesso à Liga Europa, para além da dor que provocaram nos seus fiéis adeptos, não podem deixar de merecer uma séria reflexão. Não é, apenas, o normal e corrente levantar a cabeça. Ou a dedicação, em exclusivo, às três competições nacionais. A reflexão deve chegar aos mais altos responsáveis do futebol português. Porventura com a constituição, sob a direção do novo Diretor Técnico Nacional, de um verdadeiro grupo de trabalho que avalie as razões desta não convergência com a Europa dos denominados médios clubes de Portugal. Desde logo importa não esquecer a escassa competitividade do nosso futebol, a concentração financeira nos e dos três grandes, as largas portas abertas a jogadores brasileiros - e sem reciprocidade no Brasil no que concerne a jogadores portugueses - a penúria de tesouraria da larga maioria das sociedades desportivas e a escassez de espectadores na generalidade dos jogos das competições profissionais, entre outros aspetos, são realidades tão objetivas quanto notórias e devem levar, no imediato, a uma reflexão acerca dos modelos competitivos e, também, no que concerne ao financiamento de médio prazo do futebol português. O que está, e muito, para além das equipas B, dos sub-23 e do Campeonato de Portugal, de verdade a principal competição sob a égide da Federação. Não esquecendo, naturalmente, a prova rainha, a Taça de Portugal. Vivemos, ainda, na euforia das conquistas europeias, por excelência o Europeu de França e, agora, o Europeu de Sub-19. Saboreamos, e muito, as vitórias gloriosas das nossas seleções mas importa assumir a dor - intensa e imensa - do afastamento europeu de clubes portugueses de referência. No futebol de clubes não estamos a convergir com a Europa. Estamos a divergir. E se não avançarmos para tempos de reversão a dor será bem maior e bem preocupante. O que fica para a presente época desportiva é que só restam três clubes portugueses na Europa. Por sinal os três grandes. E só estes três podem ajudar Portugal no ranking da UEFA. Portugal está no sétimo lugar. Longe do sexto que é a Rússia. Mas também a uma distância, por ora confortável, da Ucrânia que é a oitava. Mas foi um clube ucraniano que eliminou o Braga. E no play-off da Liga Europa estão dois clubes ucranianos e um russo, o Zenit. E o certo é que o play-off da Liga Europa vai decidir, nas próximas duas quintas-feiras, os últimos 21 clubes apurados para a faz de grupos, onde já está o Sporting. Que para ser cabeça de série precisa mesmo que seja eliminada pelo menos uma das seguintes equipas: Sevilha, Zenit, Basileia, Besiktas e Olympiakos. E este clube grego joga o acesso à fase de grupos com equipa inglesa - bem desconhecida -, o Burnley!

3Se na Liga Europa faltam 21 clubes na Liga dos Campeões só estarão em disputa seis lugares. A fase de grupos só acolhe 32 dos 79 participantes desde o primeiro momento de acesso a esta competição que se começou a concretizar a 26 de junho. O que sabemos é que a Liga dos Campeões é uma liga quase fechada. Metade dos trinta e dois são originários de quatro ligas: a espanhola, a alemã, a inglesa e a italiana. Depois a ligas francesa e russa apuram os primeiros classificados. Depois as Ligas que no ranking da UEFA se situam entre o sétimo e o décimo lugar apuram respetivo campeão. Lá estão Portugal, Ucrânia, Bélgica e Turquia. Em razão da conquista de Real e Atlético de Madrid das Liga dos Campeões e da Liga Europa entra o campeão da Liga que se situa no décimo primeiro lugar, a Liga checa. Faltam seis clubes para chegarem ao pote dos milhões. Que conta esta época com o passado de cada um. O que significa que o Benfica joga com o PAOK de Salónica o acesso à fase de grupos e a diferença entre chegar e não chegar é, à partida, uma diferença de cerca de trinta e cinco milhões de euros. O PAOK - que eliminou o Basileia - sonha pelo acesso, pela primeira vez, à fase de grupos da Liga dos Campeões. O Benfica luta por mais uma consecutiva presença na fase da Liga dos milhões. E depois do feito turco nada como o repetir na segunda cidade da Grécia, aquela que é considerada o oriente da Europa. O clube, fundado por cidadãos de origem grega expulsos da Turquia nos anos 20 do século passado, foi notícia - má notícia - na época que findou já que o seu Presidente - meio grego e meio russo! - entrou no relvado com uma arma após um golo anulado à sua equipa numa partida contra o campeão AEK. O que sabemos é que o Miguel Vítor em 2013 saiu do Benfica para o PAOK. O que ambicionamos é que o Benfica alcance a fase de grupos. A equipa já mostrou força e fé, talento e vontade. E Gedson, mais Pizzi e Salvio, entre todos os outros que consoem um balneário resistente e competente, vão proporcionar a todos os benfiquistas um final de agosto de alargado prazer. É que, depois do Bessa, só há três jogos. Dois contra o PAOK e para a semana o primeiro dérbi desta época determinante, o primeiro Benfica- Sporting.

4 Montemor-o-Velho na próxima semana - de 22 a 26 de agosto - recebe um Mundial de Canoagem. O Centro de Alto Rendimento ali construído e rentabilizado vai receber, com orgulho, os grandes nomes da canoagem mundial. E entre eles Fernando Pimenta e Emanuel Silva, Teresa Portela e Joana Vasconcelos. A hotelaria e a restauração da cada vez mais procurada Região Centro sorriem. Com toda a razão mas com todo o mérito! A Federação de Canoagem merece, aqui, uma saudação bem especial!