Temos brincado às seleções?
Saltam à vista a falta de desequilibradores para os flancos e dois 9 ‘sem espaço’ na lista
SEI que muito boa gente já começou a vestir a camisola, foi procurar os cachecóis às gavetas e as bandeirinhas à arrecadação para se preparar a rigor para o Campeonato do Mundo, porém, enquanto jornalista e analista, não podia deixar passar a convocatória de Fernando Santos e o que a rodeou para assinalar uma ou duas ideias. A lista vale o que vale, e a prova de que há muita gente que pensa mais ou menos da mesma maneira apareceu nestas mesmas páginas quando A BOLA, ao reunir 30 opiniões da sua redação, acertou em cheio nos 26 que seriam anunciados.
Ou seja, na Hora H o critério da maior parte foi semelhante. Para mim, já o disse, antes de fazer uma lista, era importante pensar no modelo e só depois escolher os elementos que melhor encaixassem no mesmo. Não ir pela justiça ou moda, simplesmente escolher o caminho antes de começar a caminhar. As críticas, por outro lado, têm sido autodestrutivas, colocando em causa peças que deveriam estar na base de uma ideia mais afirmativa em nome de outros que assentam na vigente e que se pretende que se mude. Anulam-se a si próprias.
A mim, saltam-me à vista a escassez de desequilibradores para os flancos, sejam de linha ou invertidos, uma vez há no grupo laterais ofensivos, a falta de um central canhoto, o excesso de médios defensivos, sendo que até um está camuflado no último reduto da equipa, e a presença de dois 9, quando ambos, em perspetiva, deverão ter poucos minutos.
Pior parece-me o absoluto desastre comunicacional. Numa conferência sobre convocados houve a inexplicável recusa de se responder sobre... escolhas. E ficámos a perceber que a uma semana do primeiro encontro é que vai ser montada uma estratégia para potenciar os jogadores chamados. Poderá parecer duro, mas tenho de perguntar: será que andámos até aqui a brincar às seleções?