Opinião Tavares à frente de império novo!
Fusão PSA-FCA: executivo português ‘constrói’ 4.º maior fabricante mundial de automóveis
Carlos Tavares, legítima e merecidamente, é referência cada vez mais importante na indústria automóvel. Reconhecido pela capacidade de recuperação de companhias problemáticas, o português de 61 anos iniciou a carreira na Renault, em 1981 e, depois de comandar o desenvolvimento da 2.ª geração do Mégane (2002-2009), acelerou quase até ao topo da administração da marca e da Aliança com a Nissan.
Tavares deixou o consórcio em 2013 e assumiu a direção da PSA Peugeot Citröen em 2014. Depois de anos de prejuízos, os franceses regressaram aos números positivos e, em 2017, aproveitando crise na General Motors, comprou a Opel/Vauxhall aos norte-americanos. O negócio obrigou a investimento de 2,2 mil milhões de euros e criou o 2.º maior construtor da Europa – maior, no Velho Continente, apenas o Grupo VW!
A PSA, com Opel/Vauxhall, é lucrativa, mas a indústria passa por mudança de paradigma, com a eletrificação do automóvel e as fórmulas novas de mobilidade sustentável prioritárias. O modelo de negócio com mais de 100 anos não tem futuro. Atualmente, exigência de reinvenção e compromisso com investimentos milionários na conceção de produtos que são mais do que carros e respondem às necessidades dos consumidores. À vista, menos mecânicas térmicas, mais tecnologias de condução autónoma, democratização da conectividade e da digitalização.
A dimensão da empreitada exige partilha de conhecimentos e recursos financeiros. A massificação de geração nova de automóveis depende da redução dos custos! Isoladamente, missão impossível. Carlos Tavares percebeu-o e, depois do «não» da Renault à fusão com a Fiat Chrysler Automobiles (FCA), negociou acordo com o fabricante italo-americano que beneficia todas as partes.
Confirmando-se negócio que combina dois pesos pesados da indústria, poupanças de 3700 milhões de euros sem despedimentos e desmantelamentos de fábricas, vendas de 8,7 milhões de viaturas, entre ligeiros (passageiros/comerciais) e pesados, receitas combinadas de 170.000 milhões de euros e lucros operacionais de 11.000 milhões de euros por ano! Maiores, somente a Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, Toyota e VW.
Na companhia nova, com repartição equitativa do capital por PSA e FCA, direção com 11 membros, seis franceses, cinco italianos. Carlos Tavares manter-se-á na liderança do império por período de cinco anos, apoiado por John Elkann, descendente dos Agnelli, fundadores e acionistas de referência da Fiat.